Na confluência dos concelhos de Vila de Rei, Abrantes e Sardoal, fica uma aldeia de xisto aparentemente isolada mas afinal bem próxima. Carlos Bernardo, do blogue O meu escritório é lá fora, faz a visita guiada.
Já faz uns anos que descobri esta pérola (ainda não passou tempo suficiente, para parar de lamentar “como é possível não ter conhecido isto antes!?”). Fica a cerca de 20 km de minha casa. A minha descoberta desta aldeia é um dos resultados visíveis do início da minha “carreira” de viajante bicicleta. Antes de partir para conhecer Portugal em bicicleta, comecei por conhecer bem o que tenho em meu redor. E é incrível como por vezes os trilhos desconhecidos nos levam a lugares incríveis.
Água Formosa, fica no concelho de Vila de Rei, numa zona de fronteira com os concelhos de Abrantes (o meu!) e Sardoal. Fica rodeada por um denso pinhal, com as suas casas de xisto cuidadosamente alinhadas numa encosta a partir de linha traçada pela Ribeira Galega, que dá um toque charme à já encantadora Água Formosa.
Penso que existem cerca de 10 habitantes residentes a tempo inteiro e mais uns quantos em regime “part-time”. Para além de dar vida à aldeia, conversas entre vizinhos ao final da tarde, esta gente tem um orgulho imenso na conservação (e restauração) das suas casas (algumas parecem casas de bonecas, com tamanho para gente crescida).
A aldeia não tem nenhum café, restaurante, ou algo do gênero. O único espaço público (sem fins lucrativos), parece-me ser o forno comunitário, ali recentemente instalado, para utilização de todos os habitantes da aldeia. Apesar deste suposto isolamento, a aldeia está localizada num sítio interessante. Fica bastante perto dos rios Zêzere e Tejo, a dois passos do Alentejo e mesmo ao lado do Ribatejo. É vizinha de cidades com relevo histórico, como Abrantes e Tomar, com o Convento de Cristo em destaque. Dista cerca de 10 km do centro geodésico de Portugal. Para quem fica supostamente isolado, tem muito para entreter.
Dos pontos salientados em cima, dou o merecido destaque ao rio Zêzere. Na minha opinião, um dos rios nacionais mais interessantes. Nasce na Serra da Estrela e termina a sua viagem em Constância. Do lado natural, ofereceu o Penedo Furado, com as suas belas cascatas (também é praia fluvial) e a lindíssima aldeia de Dornes. Do lado artificial (e que todos os lados artificiais fossem assim), criou a albufeira de Castelo de Bode, com paisagens de sonho entre os recortes do lago, e a recentemente criada Grande Rota do Zêzere (muito bom), que percorre todo o curso do rio.
Para além da já referida praia fluvial de Penedo Furado, perto de Água Formosa, ainda existem as praias fluviais de Fernandaires e Cardigos. Todas elas muito bonitas.
Para comer, por ali perto, recomendo a Tasquinha da Aldeia, em Fontes (com um miradouro que vale a visita, junto à igreja), o restaurante Paraíso do Zêzere, em Zaboeira, e o restaurante Santa Isabel em Abrantes. Aqui o peixe do rio é rei e a açorda de ovas, a rainha (fica a dica).
Para dormir, nada melhor que as Casas de Água Formosa, bem no centro da aldeia de Água Formosa. Mais autêntico que isto, não há.
Vão com tempo. (se não tiverem tempo, vão na mesma).
O autor e o blogue
Nascido e criado em Abrantes, onde vive e nunca desejou ser de outro lugar. Apesar disso adora viajar. Viaja sobretudo de bicicleta porque diz que gosta de levar com o vento na cara. Mais do que uma foto de viagem, gosta de uma boa conversa. Partilha as suas histórias em O Meu Escritório é lá Fora desde 2013. Em 2015 foi nomeado para melhor Blog de Viagens Pessoal, no BTL Travel Blogger Awards.
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Por Carlos Bernardo 2015-10-14