Aldeia da Mata Pequena - Mafra

Reabilitar o passado e usufruir do presente.

Situada na região de Mafra, a aldeia da Mata Pequena é daqueles locais onde o menos é mais. Menos luxo, mais acessível; menos ruído e desperdício, mais Natureza. É indicada para os verdadeiros viajantes, aqueles que não têm alma de turista.

Quem sai aos seus...

Por diversas razões, sejam elas geográficas, de clima ou até mero acaso, algo faz com que o Homem se decida por determinado local. No caso de Diogo Batalha e Ana  Partidário a explicação é simples. Jovens, mas cansados da vida de Lisboa, resolveram ir viver para o campo, mas ainda assim, perto o suficiente da capital.

Para ele, natural da região saloia, foi um regresso às origens. Diogo é neto de José Franco. Abra-se um parêntesis para lembrar que o seu avô é um famoso ceramista que criou no Sobreiro (entre Mafra e a Ericeira) uma aldeia-museu em miniatura. Aí recria a vida de uma povoação do século XIX tipicamente mafrense.

Para avançar com o projecto de reconversão de uma aldeia genuinamente saloia, ideia que perseguia Diogo desde os tempos da licenciatura em Gestão e Organização de Empresas, foi preciso muita pesquisa. A procura passou até por ser feita através de cartas militares.

No caso da aldeia da Mata Pequena, um povoado recolhido entre vales e ribeiros, o isolamento permitiu que mantivesse a sua autenticidade e se visse livre de construções que ofendessem a envolvente.

Arquitectura tradicional: a “esperteza saloia”

O que, dito assim, parece ser simples, na realidade deu muito trabalho. A aquisição das primeiras casas começou em 1998. De algumas não se conheciam os donos, outras nem sequer estavam à venda... Das ruínas saíram seis casas simples mas acolhedoras (com um, dois, ou três quartos) onde a tradição rima com comodidade.

Uma fileira de casas estão dispostas à volta da rua principal, aliás, a única. Esta via foi baptizada de São Francisco de Assis, por causa do pequeno oratório que tem ao fundo, cuja imagem tem as marcas dos dedos de José Franco.

As casas apresentam-se caiadas a branco com as barras azuis e amarelas, traços de há séculos que caracterizam a casa saloia. A telha é de canudo, a tijoleira cozida em forno a lenha, os tectos em caixotão e até as loiças das casas de banho foram envelhecidas para dar o ar de outras alturas.

Aos interiores aplica-se a prova dos nove. Não quiseram os proprietários fugir à aura saloia, à origem. Daí o aspecto rústico e dos objectos, como as salgadeiras, que fizeram parte da infância de muitos de nós e que associamos à casa dos avós.

Paula Oliveira Silva 2006-07-12

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