A ver Avis

Berço da dinastia que tomou o nome da terra e sede da Ordem de S. Bento de Avis, é o centro de uma região com sinais de ocupação desde a pré-história.

Quilómetros e quilómetros de planície ficam para trás até que se avista, sobranceira, Avis. Ao longe, é nítido o recorte do castelo, a circundar o branco dos edifícios que resguarda. Mais de perto, a Porta do Anjo convida-nos a entrar na muralha. Do lado de lá do arco, o Largo Cândido dos Reis acolhe grande parte do património que merece atenção. E mesmo num dia cinzento a cor das paredes contrasta com as buganvílias que trepam pelas paredes.

A Torre da Rainha lá está, à esquerda, mas a subida à muralha guarda-se para fechar a visita em grande. Logo à direita erguem-se o Convento e a Igreja de São Bento, nome que invoca uma das mais importantes ordens militares do país.

A Ordem Militar de S. Bento de Avis recua a Afonso Henriques, ainda que alguns historiadores a considerem um braço da espanhola Ordem de Calatrava. O seu mais famoso cavaleiro só chegará duzentos anos passados e afirmar-se-á precisamente na oposição a Espanha: D. João I, mestre de Avis, ele que renunciou aos votos para fundar a segunda dinastia.

De origem medieval, a igreja foi sintetizando influências ao longo dos tempos. A estrutura é afinal de Quinhentos, mas a decoração é predominantemente setecentista. Ao lado, o museu municipal, instalado na sala do capítulo do convento, divide-se em três áreas de interesse. Além do núcleo arqueológico, abriga uma colecção de artesanato e mostras de antigos ofícios da população. Actualmente está encerrado, em obras de remodelação.

À sombra das laranjeiras

O Palácio do Prior-Mor, contíguo, acolhe hoje os Paços do Concelho, edifício do século XVII. Seguindo pelo Largo Dr. Sérgio de Castro chega-se ao Largo Dr. Manuel Lopes Varela. É uma praceta elevada, rodeada de laranjeiras, onde apetece mesmo sentar.

O pelourinho é o centro das atenções, mas é a Igreja Matriz, num dos extremos, que merece visita mais atenta. Construída no século XV, em homenagem a Nossa Senhora da Orada, foi quase totalmente refeita no século XVII. Nos restauros posteriores recebeu o altar de talha dourada da capela-mor, dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Um pouco abaixo, a antiga Misericórdia vale sobretudo pelo conjunto edificado.

Juntamente com os antigos Paços do Concelho, o Palácio do Prior-Mor e algumas casas nobres, testemunham a presença do barroco nesta região. Este estilo pode inclusive servir de pretexto para se fazer um roteiro pelo Norte do Alentejo.

Alda Rocha 2010-03-15

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