A caminho
Desta vez mais um passeio pedestre pelo sul de Portugal, mais propriamente entre a Quinta do Lago e a Ilha de Faro. É indiferente pelo lado que se começa, com a certeza que se terá que voltar ao ponto de partida, onde se deixou a repousar o automóvel. Ainda assim, aconselhamos que se comece pela Quinta do Lago, pois, uma vez chegando à Ilha de Faro, há sempre a possibilidade de fazer a pausa estratégia e repor o nível de calorias num dos inúmeros bares de praia que por ali se encontram, abertos durante todo o ano.
Para começar, vai-se até à Quinta do Lago, atravessa-se todo o empreendimento sem deixar de reparar nalgumas das casas de sonho que lá repousam, nos campos de golfe e no verde das copas das árvores, da relva dos jardins e dos canteiros. Uma vez chegados à praia, para-se o carro no parque de estacionamento que custa 5€ durante todo o dia, sabendo que o popó ficará bem vigiado.
A seguir, atravessa-se a ponte da Quinta do Lago, conhecida como a ponte do Gigi, que nos leva ao outro lado ao encontro de um dos mais afamados restaurantes do Algarve. Aqui o bom peixe está na ordem do dia, mas encontra-se momentaneamente encerrado, reabrindo as portas a partir de Março até ao final da época estival.
Fazendo um último check up à mochila, confirmar-se se não nos esquecemos da garrafa de água ou das barrinhas de energia entre os principais acessórios para o passeio. É que nos próximos seis quilómetros estamos por nossa conta e risco, por isso vamos a caminho.
Ah, e não se esqueça que vai caminhar para poente, apanhando o sol de frente, daí que será desaconselhável que se aventure logo pela manhã, muito cedo. Depois das 10:00 horas não há qualquer problema. Mas se gosta de madrugar, então o melhor será iniciar o percurso no sentido inverso.
Praia alternativa
Deixando a Quinta do Lago para trás, avançamos agora ao longo da areia fofinha e sem nos darmos conta ou que alguém nos indique, entramos na praia gay conhecida como Quinta do Lago ou também Ilha de Faro. Ao que parece, esta é também um destino privilegiado da comunidade gay e vem referenciado nos principais guias nacionais e internacionais.
De Inverno, por razões mais do que óbvias, a praia está normalmente vazia e não se vê viva alma. Todavia, se optar por fazer este passeio durante o Verão, encontrará outra afluência de pessoas e até mesmo um ou outro casal hetero mais deslocado, mas até se percebe porquê, pois aqui não há grandes restrições ao nudismo, onde se pode estar à vontade sem que ninguém nos incomode. A maioria das pessoas que frequentam esta praia, concentram-se maioritariamente entre a Quinta do Lago até à interrupção da duna, quando a vegetação deixa de ser tão alta e se torna possível avistar à nossa esquerda a Ria Formosa.
Mas como a época balnear ainda está longe, os projectos ficam para depois, e enquanto se vai pensando, as pernas continuam a mover-se numa cadência constante que nos faz caminhar. Cansados? Não será má altura para dar uns valentes goles na água que trazemos ou talvez não se a sua forma física está apurada.
À esquerda, o omnipresente mar que nos brinda com a sua melodia das ondas que se espraiam na areia. E para além de mais algum silvo provocado pelo vento, por momentos ficamos com a sensação de estarmos completamente sozinhos, em oposição com as enchentes massificadas do Verão. Nem parece o Algarve, tão tranquilo, que descanso.
Para quebrar a monotonia, escala-se até ao topo da duna, por entre os pequenos arbustos rasteiros que se agarram às meias e atacadores das botas. Dali, descobre-se a Ria Formosa à nossa esquerda, e experimenta-se continuar a caminhada por aquele sitio. É uma hipótese viável, só que assim, não teremos o privilégio de admirar um cenário completamente diferente durante o regresso, ou seja, a Ria.
N'Dalo Rocha 2003-02-17