8 passos para acabar de vez com a saudade

Inspirada pela Semana do Emigrante, Marta, a costureira de palavras, juntou oito frases sábias e fez delas uma manta de retalhos que nos abriga da nostalgia. Shopenhauer, Kerouac e Ricardo Reis, entre outros, sabem como dar a volta a sina da saudade. 


Ao longo da História, os portugueses sempre foram encontrando pretextos para ´embalar a trouxa e zarpar´. Empurrados pelas circunstâncias ou movidos pela vontade, vamos para o mundo mas nunca cortamos os laços com a terrinha. É a sina da saudade.

Nesta Semana do Emigrante, proponho a todos os que regressam a Portugal nestas férias que, em vez de partirem carregados de bacalhau, pastéis de nata e música nostálgica, levem de volta este modesto manual para uma emigração mais satisfeita. Recorro, como sempre, às palavras de outros para compô-lo.

I
«... a primeira regra a que temos que nos cingir rigorosamente, e sem abrirmos sequer uma excepção, é ter sempre bem presente que, quando vivemos longe da nossa terra, longe até da nossa língua, por pior que se esteja no estrangeiro, na nossa terra será ainda pior.»
Paulo José Miranda, A Oficina do Regresso, Flanzine nº 10 menos um

II
«A memória age como a lente convergente na câmara escura: reduz todas as dimensões e produz, dessa forma, uma imagem bem mais bela do que o original.»
Shopenhauer, Aforismos sobre a sabedoria da vida

III
«Protege-te delas, das recordações,
dos seus ócios, das suas conspirações;
usa cores morosas, tons mais-que-perfeitos:
o rosa para as lágrimas, o azul para os sonhos desfeitos.»
Manuel António Pina, Como se desenha uma casa

IV
«Não é necessariamente em casa que melhor encontramos o nosso verdadeiro eu. A mobília impede-nos de mudar porque ela mesma não muda; o cenário doméstico amarra-nos à pessoa que nós somos na vida quotidiana, que pode não corresponder à essência de quem nós somos.»
Alain de Botton, The Art of Travel

V
«O importante não é a casa onde moramos, mas onde, em nós, a casa mora.»
Mia Couto, Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra

VI
«Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.»
Ricardo Reis, Colhe o dia, porque és ele

VII
«O nosso destino nunca é um lugar, mas sim uma nova forma de olhar as coisas.»
Henry Miller

VIII
«As nossas malas desgastadas estavam novamente empilhadas na calçada; tínhamos caminhos mais longos a percorrer. Mas tudo bem, a estrada é a vida.»
Jack Kerouac, Pela Estrada Fora

A autora e o blogue
Marta, a costureira de palavras, apresenta-se como “a versão feminina de Cyrano de Bergerac, menos trágica e um pouco menos nariguda”. Editora de conteúdos em diversas plataformas, é no blogue que vai partilhando os seus trabalhos e inspirações (sempre que as palavras não são secretas).
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