250 anos do nascimento de Bocage

Um poeta fora do seu tempo

Poeta lírico, poeta erótico, poeta da liberdade. Poderia haver muitas formas de descrever Manuel Maria Barbosa du Bocage. Mas poucas fariam jus ao legado que nos deixou. Para comemorar os 250 anos do seu nascimento, a Câmara Municipal de Setúbal (e muitas outras entidades do país) vai, durante um ano, reavivar a memória de quem o conhece e divulgar a sua obra às gerações mais jovens. As comemorações começaram no dia 15 – Dia de Bocage e da Cidade – e estendem-se durante um ano.

São inúmeros os eventos dedicados às comemorações dos 250 anos do nascimento de Bocage e que não se esgotam no concelho de Setúbal nem nas habituais cerimónias protocolares. Falamos da inauguração de exposições, tertúlias, momentos musicais e até a emissão de uma lotaria nacional em sua homenagem (lançada dia 19). Acontecimentos que começaram oficialmente no dia 15 e se prolongam ao longo de um ano, até 16 de setembro de 2016. Mas grande parte dos eventos concentra-se nas próximas semanas.

“Bocage é da cidade e de quem a habita”

Foi com este pensamento que a presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, idealizou este extenso programa dedicado à vida e obra de Elmano Sadino (pseudónimo do poeta), juntamente com uma Comissão Científica, organizada para o efeito. Na cerimónia de abertura, destaque para o lançamento do livro Bocage – A Imagem e o Verbo, de Daniel Pires, um dos maiores admiradores e investigadores do poeta sadino. Aliás, foi também o próprio que coordenou a exposição apresentada de seguida (e que estará patente até dia 28 de novembro) – Bocage e o Livro na Época do Iluminismo – patente na Galeria Municipal do 11, em Setúbal.

Muitos seriam os eventos a mencionar nas comemorações ao longo do ano, mas centremo-nos nos mais recentes e relevantes. Podemos falar-lhe, por exemplo, da 2ª Serenata do Núcleo de Poesia de Setúbal que junta o fado de Coimbra e a declamação de poesia num só momento. Assista a este espetáculo na Praça de Bocage, sexta-feira, dia 18, a partir das 21h30. No dia seguinte acontece a Noite Bocageana, na Baixa de Setúbal, onde haverá apontamentos culturais nas zonas comerciais com execução de montras alusivas ao tema. É o caso, por exemplo, da XVI Tertúlia Eis Bocage… Conversas de Botequim, no Largo da Misericórdia.

O poeta em cada recanto de Lisboa

A freguesia de Santa Maria Maior é uma das zonas de Lisboa que mais comemora os 250 anos do nascimento de Bocage. A iniciativa, de seu nome Bocage Reconhecido, decorre até ao dia 18. Um dos exemplos é a Exposição de Caricaturas com desenhos alusivos ao poeta e outras personalidades que com ele privaram (casos de José Agostinho de Macedo, que foi seu companheiro tornando-se, mais tarde, um rival, ou de José Pedro Silva, que assistiu o poeta no seu leito de morte). Da autoria de Nuno Saraiva, esta mostra de rua está distribuída pela Rua Augusta, Rossio e Praça do Martim Moniz.

Itinerários Bocageanos vão permitir-lhe percorrer e conhecer, na companhia de um guia, locais emblemáticos na capital relativos à vida e obra de Bocage. Com duração de uma hora, decorrem apenas nos dias 16, 17 e 18 e partem do Terreiro do Paço, passando pela Rua Augusta, Rua dos Fanqueiros e Limoeiro. O passeio é gratuito mas necessita de inscrição na sede da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, na Rua dos Fanqueiros (limite de 15 pessoas).

Evento único (já que o primeiro teve lugar dia 15) e ao qual não pode faltar é o Brigadas – Fado e Repentismos (organizadas pelo Teatro de Garagem) onde atores e fadistas trazem para a rua a poesia bocageana. Esteja atento, às 15h30, no Castelo (junto à igreja de Santa Cruz), às 17h15, na Mouraria (ao pé da Guitarra) e às 18h45 no MUDE, na Rua Augusta.

Mas a homenagem a um dos mais significativos autores de língua portuguesa não se esgota aqui. Nos 250 anos de Manuel Maria Barbosa du Bocage é uma mostra documental a decorrer no Arquivo Nacional Torre do Tombo, em Lisboa, onde ficará até 12 de dezembro.

Por último, sugerimos a exposição Da inquietude à transgressão…eis Bocage, na Biblioteca Nacional, a partir do dia 17 de setembro. De entrada gratuita e comissariada por Daniel Pires, estará patente até ao dia 31 de dezembro.

Nós avisámos, o programa é extenso. Mas não faltam motivos para participar nas comemorações destes 250 anos do nascimento de Bocage. Consulte a agenda bastante variada e completa, que exalta a vida e obra deste poeta boémio de língua afiada e rima fácil mas leitura, muitas vezes, incompreendida. 

Ana Marta Monte

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