2º Parte - Restaurante Cais da Estação

Festim de iguarias

A lista de vinhos é longa, mas quem não tenha acompanhante escolha Paulo Laureano, o vinho da casa servido a copo. E para poder variar na companhia do peixe e da carne. Branco a temperar o arroz de lingueirão com raia frita, tinto a enfatizar o bife do lombo recheado com molho de passas e castanhas. Parece piada, depois de uma refeição tão generosa, mas fica já na ideia a escolha da próxima visita: Bacalhau à Cais, servido com lascas de amêndoa sobre uma cama de grelos. Em rigor estamos no armazém da velha estação, facilmente reconhecível pela arquitectura típica, mas longe da frieza que se adivinha num edifício dessas dimensões.

O ambiente é cuidado, num espaço dividido em salas de dimensões generosas a que os pormenores da decoração garantiram calor. E há apontamentos da história do lugar que ficaram. Preservou-se o desenho do telhado, algumas paredes de pedra à vista mostram a idade, enquanto as velhas portas de ferro de correr ainda resistem. São sinais de que vamos dando conta, enquanto desfilam as iguarias. Talvez os mais comedidos se tenham guardado para a chegada da sobremesa, ou os mais destemidos nas calorias… A Delícia de bolacha assemelha-se ao clássico Bolo de bolacha, mas desta feita entremeada por chocolate branco, preto e de leite, numa textura leve e fofa.

Não foi nada fácil resistir a apenas provar, mas o Petit gâteau com gelado e a Bavaroise de amêndoa com baba de camelo mereceram a disputa de atenções e exigem tempo. Tempo de conversa entre sabores, que estas refeições querem-se prolongadas. Cais não é apenas parte do nome. Sobre o velho cais ergue-se a sala mais procurada do restaurante e não é por ser o espaço de fumadores que demove as reservas (o fumo, mesmo proveniente do vizinho do lado, dissipa-se sem se fazer notar). Revestido a portas de vidro, fica temperado pelos tons do crepúsculo, num horizonte que não se esquece.

Alda Rocha

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