Raia, tramelga e ratão - Estes peixes cartilaginosos nadam rente às areias de águas quentes e costumam atacar primeiro e cumprimentar depois. A tremelga chega a dar choques eléctricos de 200 volts e o ratão tem um espinho dentado na cauda a que não hesita dar uso.
Podem a atingir dois metros, mas geralmente não excedem um. Degustam-se bem em massadas de peixe com amêijoas e berbigão, grelhados ao sal, com azeite e alho sobre broa de milho ou numa bela “alhada”.
Charroco - Não é bonito, há que dizê-lo com frontalidade. Para começar tem a boca do tamanho da cabeça e esta é desproporcional em relação ao corpo. Talvez por isso se esconda debaixo das rochas onde se alimenta de bivalves e perceves. Mas o aspecto não é tudo, e este peixe, que se encontra no estuário do Tejo, Sado, Mira e na ria Formosa, degusta-se com simpatia em cataplanas de peixe e arroz de marisco. Além disso a sua presença é indiciadora da boa qualidade da água.
Garoupa - Quando é pequenina não excede os 15cm e é conhecida por garoupinha, depois cresce e aparece com 20 ou 30 quilos de peso, exigindo o tratamento por garoupa. Habita as águas profundas de toda a costa portuguesa. É um peixe de escama por isso não é o indicado para massadas e arrozes de marisco. O melhor é degustá-la grelhada, escalada, cozida com feijão verde ou ao sal.
Tamboril - Mais uma espécie que é melhor apreciar no prato abstendo-nos de interrogações aprofundadas sobre o seu aspecto original. Para quê perguntar porque lhe chamam o “diabo do mar” e pedir fotos de infância? Basta saber que não tem praticamente espinhas, que costuma ser vendido em atraentes postas e que combina bem com espetadas, massadas, arrozes, caldeiradas e caris.
Pargo - Da família do sargo e da dourada, o pargo é um peixe de escama que nada a cerca de 10m da superfície em toda a costa portuguesa. É dos peixes mais apreciados pelo paladar. Em Portugal continental existem várias espécies: além do legítimo ou pargo rosa, há o mitra ou capatão, o dentex, dourado ou dentão, o pargo sêmea e o mulato. Come-se assado no forno com batatinhas, em sopa ou então na canoa com toucinho, bacon e chouriço.
Cavala e carapau - São espécies abundantes na costa alentejana onde é costume haver semanas gastronómicas dedicadas ao duo. Os carapaus adultos nadam em cardume, os mais pequenos, denominados jaquinzinhos, tentam evitar a captura que os condena à extinção. Comem-se grelhados, alimados ou no forno. Já as cavalas, nada como prová-las à madeirense, fritas em limão e acompanhadas de milho.
Pescada - Há poucos peixes tão disponíveis como a pescada, presente nas águas durante todo ano. Dá-se melhor nas águas frias do norte mas encontra-se um pouco por todo o lado. Quando não há mais nada, sabemos que há sempre pescada. Se for pequenina frita-se com o rabo na boca, se houver falta de ideias coze-se com todos.
Robalo - É dos peixes mais valorizados por pescadores e bons gourmets. Ao sal, assado ou cozido, não precisa de muita produção para brilhar à mesa. Um exemplar adulto pode pesar dez quilos e medir um metro de comprimento. O robalo é um predador voraz e suporta baixas taxas de salinidade, podendo penetrar em estuários e rios. A sua longevidade é mítica e tanto se diz que pode viver 15 anos, havendo quem garanta que atinge os 50.
Safio - Tem o corpo em forma de serpente, com uma só barbatana e é uma espécie pouco sociável que gosta de viver em águas paradas e dentro de buracos profundos que vai escavando conforme cresce. Dizer-lhe que o sol brilha no Algarve ou falar das belezas da Costa Alentejana onde habita é inútil. Pescá-lo é um acto de misericórdia. Como tem muitas espinhas, o melhor é convertê-lo em ensopado.
Cação - O peixe tradicional do Alentejo dá nome a uma das mais tradicionais receitas da região, a sopa de cação. Na verdade é um primo do safio e também se pode comer de outras formas, em alhada, ensopado, feijoada ou coentrada.
Atum - Apreciado já por por gregos e romanos, o atum vive nas aguas profundas do Atlântico e é pescado ao largo dos Açores e Madeira. Come-se fresco sob a forma de bife, assado, com funcho ou em escabeche... Em conserva o seu uso é quase ilimitado.
Peixe-espada - É um peixe de águas profundas que se pesca ao largo da Madeira, mas também na zona de Sesimbra e no Norte. Presta-se a muitas receitas, sendo a espada frita uma das mais populares na Madeira. Também se pode grelhar, estufar e gratinar.
Faneca - É um peixe humilde que frequenta cervejarias de bairro e os pratos dos pescadores, sobretudo a norte do Tejo. De escama fraquinha, não chega a atingir mais de 20cm, sendo capturada na maioria das vezes com cerca de 10cm. Vive de forma modesta nos buracos das rochas e costuma andar em cardume. Consta que está a desaparecer do Tejo desagradada com o aquecimento progressivo das águas que em menos de 30 anos subiram cerca de dois graus. Come-se frita com arroz de grelos.
Bárbara Bettencourt 2009-08-12