Uma oficina de bicicletas junto à ciclovia dá jeito. Com café, esplanada e serviço de almoços já parece mentira. Mas não é. O Vélocité Café abriu as portas na Av. Duque de Ávila, em setembro de 2012. A bicicleta na montra e a pequena esplanada chama a atenção mas nada faz prever a dimensão do espaço interior. Uma rampa onde está desenhada uma ciclovia avança até um balcão quadrado central, depois de contornar uma agradável zona de estar. As bicicletas estão por todo o lado mas são mais do que meros elementos decorativos. Afinal isto é uma oficina. Que serve sopas da tia Bina, tostas, saladas e brownies. Mas também enche pneus, afina travões, estica correntes e aluga velocípedes. Como uma boa oficina, o Velocité Café está aberto todos os dias, incluindo domingos, até às 20 horas.
Dias de Encerramento: TerçasUm café com muita pedalada
Quase a completar quatro anos de existência, o primeiro ciclo café português continua cheio de andamento. Além da loja e da oficina de bicicletas, o Velocité também tem um bar para repor energias enquanto enche os pneus, estica a corrente ou afina os travões. Se é ciclista, irá sentir-se em casa. Se não é, vai querer alugar ou comprar uma bina e sair de lá a pedalar.
Não foi por acaso que o Vélocité Café “estacionou” junto à ciclovia da Avenida Duque de Ávila. Depois de reconvertida, esta via do centro de Lisboa tornou-se um exemplo de mobilidade na capital e, ao mesmo tempo, passou a ser ponto de passagem obrigatória para muitos ciclistas urbanos, desde os mais profissionais aos novatos das duas rodas. Em setembro de 2012, uns e outros (e não só) passaram a ter também um ponto de paragem, o primeiro ciclo café (ou velo café) do país, situado no nº 120 A, bem perto da saída do metro de São Sebastião.
Se chegar lá não é difícil (seja qual for o meio de transporte escolhido), descobri-lo é ainda mais fácil. Afinal, não faltam bicicletas à entrada, algumas estacionadas, outras penduradas na montra ou (uma metade) junto à porta. Daqui segue uma ciclovia até ao fundo do café, convidando os ciclistas a entrarem com as bicicletas sem perderem qualquer tipo de prioridade. Antes pelo contrário: no Vélocité há muito respeitinho pelos velocípedes.
Bicicletas aqui, ali e em todo o lado
Quem entra, encontra logo uma mão cheia de bicicletas e outras tantas mesas, sinal de que o conceito da casa não se esgota nas duas rodas e também chega à restauração, como iremos perceber uns passos (ou umas pedaladas) mais à frente. Até lá, passamos por uma montra de objetos à venda, com campainhas, selins ou cadeados, e outra com bicicletas desdobráveis, daquelas que parecem caber à vontade na bagageira de um automóvel. Mesmo em frente está mais uma bicicleta pendurada e, ao lado, um cartaz alusivo à Smart Wheel, marca de rodas que encaixam em vários tipos de modelos. Um exemplo de que as últimas novidades do setor cabem todas nesta casa.
Depois de uma pequena rampa (ou alguns degraus) chegamos até ao balcão central, em forma de quadrado, que é uma espécie de centro nevrálgico do Vélocité. Junto a ele encontramos mais uma série de mesas, viradas para uma tela com imagens de ciclismo, ideias para quem quiser acompanhar a Volta a Portugal (ou outras provas) em ecrã gigante, enquanto toma um copo ou petisca qualquer coisa. Ali ao lado, mais uma zona de loja com capacetes e outra expondo mochilas, selins e mais equipamentos. Por aqui também há várias bicicletas, mas a maioria descobre-se do lado de lá do balcão, onde há quase três dezenas de modelos para venda.
O último recanto da casa é ocupado pela oficina, um espaço fechado mas envidraçado que permite ver o que se passa lá dentro. A lista de serviços é longa, desde enchimento de pneus e colocação de remendos até afinação de travões, reparação de correntes e embalamento de bicicletas, um serviço muito utilizado por quem quer expedir a bicicleta de avião depois de uma longa viagem a pedalar. E por lá já passaram “máquinas” de muitas proveniências, como a Holanda, o Brasil ou os Estados Unidos. O mundo das bicicletas encontra-se todo no Vélocité Café.
Encher os pneus e… a barriga
Extensa é também a lista de comes e bebes, muitos deles associados às bicicletas ou ao ciclismo, a começar pela sopa da casa (todos os dias diferente), batizada por Tia Bina. O mesmo acontece nos hambúrgueres, com o nome de ciclistas que ficaram na História, como E. Mercxx., Armstrong, Pantani, Joaquim Agostinho ou Contador. Entre os pratos Especiais de Corrida encontramos um afamado prego (bife da casa em bolo do caco de alfarroba), cogumelos recheados, bife de frango ou pica-pau. Quando chegar à Reta da Meta (o mesmo quer dizer sobremesa) poderá pedir, por exemplo, bolo de chocolate, tarte de amêndoas ou gelado artesanal.
Outro dos ex-líbris da casa é o brunch (aos fins de semana e feriados, das 11 às 18 horas), composto por quesadilla com mozzarella, guacamole, salmão fumado, ovos mexidos, iogurte com granola, pão tostado, bolo, sumo de laranja e uma bebida quente, tudo por 11€. A maioria destas opções também está disponível a solo para quem procura um pequeno-almoço mais leve. Entre as bebidas há vários sumos naturais, chás e infusões, cafés e cervejas, com destaque para as artesanais Letra e Sovina. Para beber no interior da casa ou na esplanada, especialmente convidativa nos dias mais amenos.
Depois de composto o estômago, nada melhor que queimar as calorias a mais em cima de uma bicicleta. Não tem nenhuma? Não faz mal. No café também há para alugar, ao dia ou à hora, inclusive com cadeirinha de criança. Vai um passeio? O Vélocité Café é um bom ponto de partida.