Inaugurada em fevereiro de 2015, na zona de Santos o Velho, é a recriação de uma taberna típica (casa de petiscos) com a especialidade em enchidos, queijos e presuntos, privilegiando os pequenos produtores, em especial da região do Norte Alentejano.
Bar/Sala de espera: BarO Alentejo ao virar da esquina
Entre os bairros de Santos e da Lapa há um cantinho norte alentejano que dá a provar os comes e bebes da região. Uma espécie de taberna à moda antiga mas com um toque elegante que leva à mesa enchidos, presuntos, queijos e vinhos, a maior parte de Nisa e Portalegre. Nesta casa o Alentejo serve-se frio mas cheio de sabor.
Há muito que Lisboa se rendeu aos sabores alentejanos mas só algumas casas da capital podem gabar-se de ter os produtos mais autênticos e genuínos. A Taberna à Lapa é seguramente uma delas ou não tivessem os donos corrido o Alto Alentejo de fio a pavio à procura das melhores fábricas de enchidos, das queijarias mais tradicionais e das adegas que vale a pena conhecer.
Depois de descobrirem alguns dos segredos mais bem guardados da região, Cláudia Costa e Tiago Rodrigues (ela alentejana de gema, ele com uma costela) decidiram apresentá-los nesta espécie de taberna reinventada, aberta desde janeiro de 2015 mas inaugurada um mês depois. Fica mais ou menos a meio caminho entre Santos-o-Velho e a Lapa (rua Garcia da Horta, nº 12) e já ganhou fama entre os amigos dos petiscos e do convívio.
Recordações do Alentejo
Quem vive ou tem raízes no Alentejo rapidamente percebe que a casa foi buscar inspiração às tabernas típicas da região. Pipas e garrafões de vinho, cabaças, potes de azeite, peças de olaria e outros objetos típicos foram trazidos de Montalvão (a aldeia de Cláudia, no concelho de Nisa) para embelezar o espaço ao jeito alentejano. A esta decoração junta-se ainda o chão à moda antiga, as toalhas aos quadrados verdes e até um presunto pendurado junto ao teto.
Uma mão cheia de mesas (incluindo a pipa de vinho transformada para o efeito) ocupa a maioria do espaço, amplo e luminoso. Em dias de bom tempo uma portada abre-se para a rua e faz as delícias dos visitantes, sobretudo os turistas, que ficam a ver passar as pessoas e o icónico elétrico 28. Incontornáveis são também o balcão em madeira com tampo de mármore (não há taberna alentejana que não tenha um) e a montra de produtos que convida a degustações no momento ou
em qualquer outra altura. É que quase tudo (dos enchidos e queijos ao mel e azeites) pode ser levado para casa ou oferecido aos amigos.
O ambiente não podia ser mais descontraído e eclético, numa curiosa mistura entre moradores do bairro e estrangeiros provenientes dos quatro cantos do mundo. Mas também há alentejanos de outras partes da cidade que passam por lá só para matar saudades dos sabores autênticos da região. E quem vai uma vez acaba quase sempre por voltar…
Pequenos produtores, grandes sabores
A ementa, totalmente composta por tapas e petiscos, fala alentejano quase de uma ponta a outra. A começar pelas tábuas, espécie de ex-líbris da casa apresentado em várias combinações, ora só com queijos (três tipos), ora com enchidos (como painho ou chouriço de porco preto) ou presuntos (bolota ou reserva), ora com um pouco de cada. Quem preferir doses mais pequenas ou tiver mais pressa também pode pedir um pratinho individual ou optar por sandes, tostas e tostinhas, sempre com pão alentejano.
Seguem-se dois pratos de grelhados - telha de enchidos e assadeira - ambos com linguiça, farinheira e cacholeira, espécie de chouriço de sangue pouco visto noutras casas de Lisboa. Saltando as fronteiras do Alentejo chegamos às saladas (destaque para a de polvo) e para a lista quase infindável de enlatados. Entre as muitas opções à disposição encontramos, por exemplo, atum posta natural dos Açores, sardinhas e cavalas em azeite biológico, polvo de caldeirada e lulas recheadas à portuguesa.
Na carta de vinhos também há néctares do Douro e da região de Setúbal, mas o Alentejo volta a assumir protagonismo, tanto com marcas consagradas como com outras quase desconhecidas, caso do vinho da casa, produzido na região de São Mamede pela Casa da Urra. Antes da despedida vale a pena provar um doce regional, como a boleima de maçã ou as queijadas de Nisa, mais dois produtos trazidos diretamente da origem. E assim, os bairros de Santos e da Lapa aproximaram-se mais um pouco do Alentejo.