Organiza circuitos mistos ambientais e de aventura de barco e de Jeep na área do Guadiana.
Serra acima, rio abaixo
De Vila Real de Santo António a Foz do Odeleite, passando por aldeias remotas do sotavento algarvio, este passeio combina um safari todo-o-terreno a um cruzeiro no Guadiana e ainda oferece um almoço típico junto ao rio. E assim se descobre a face mais autêntica da região mas sem esquecer as gentes, os produtos e as tradições locais.
Desde 1977 a dar a conhecer o Algarve. Este bem que podia ser o lema da Riosul, cujas origens (então com o nome Guaditur) fazem dela uma das primeiras empresas nacionais a organizar circuitos ambientais e de aventura.
Depois de 35 anos a explorar “percursos onde as estradas acabam” decidiram lançar um circuito dois em um que mostre “o melhor e o mais genuíno do Algarve”. E neste caso não se trata das praias, não senhor, mas sim do barrocal, da serra e do Guadiana.
O objectivo é seguir os passos das civilizações mouras que em tempos dominaram estas paragens - daí o nome Rota dos Mouros -, mas conjugando a oferta cultural à adrenalina de jipes 4x4 que deambulam por montes e caminhos sinuosos. E no final, para descontrair, há sempre um passeio de barco pelo tranquilo Grande Rio do Sul.
História, Natureza e Aventura
O cais da Alfândega, em Vila Real de Santo António, serve de ponto de encontro aos participantes da Rota dos Mouros e uma vez feita a distribuição pelos jipes parte-se sem mais demora para Castro Marim, onde se dá a primeira paragem. O Forte de São Filipe, no alto de um monte com vistas largas, é o local ideal para dar a conhecer a história e a geografia da região.
De um lado, temos o casario da vila à sombra do castelo (local emblemático da presença moura) e do outro estende-se a Reserva Natural do Sapal de Vila Real de Santo António e Castro Marim, para onde iremos de seguida. Aqui, passamos pelas salinas tradicionais e por várias quintas agrícolas, sempre com a preocupação de não perturbar as inúmeras espécies de aves que escolheram esta área protegida para nidificar, como os flamingos, que tivemos a sorte de avistar de bem perto.
Daqui seguimos em direção a Rio Seco e depois de um breve troço de asfalto voltamos de novo aos trilhos de terra batida, mas agora num sobe e desce constante que nos faz fincar os pés e cerrar os dentes. Aqui e ali lá se avistam alguns pequenos povoados, mas as suas gentes parecem tão surpreendidas por nos verem como nós ficámos ao encontrar vivalma no meio daqueles montes perdidos.
O Algarve verdadeiro
Depois da paisagem seca e agreste da serra e do barrocal algarvio, a Barragem do Beliche revela-se surpreendente, mas num abrir e fechar de olhos já rolamos de novo por caminhos que só mesmo um todo-o-terreno consegue desbravar.
O primeiro vislumbre de civilização só volta a acontecer na povoação de Murteira de Baixo, onde admirámos a arte do cesteiro local (António Pereira), comprámos mel puro e cheirámos o pão caseiro (feito num forno a lenha) que mais tarde iríamos comer ao almoço. “Este sim, é o Algarve verdadeiro”, dizem-nos por lá.
Depois de Almada d’Ouro, uma aldeia cujo nome se deve a um antigo entreposto comercial de minério fundado pelos mouros, avista-se novamente água. É sinal que a primeira parte deste passeio já está quase a terminar, ou não estivesse o almoço marcado para a Quinta do Rio, uma pequena e castiça propriedade sobranceira ao Guadiana.
Almoço com vista para o rio
Se o calor apertar, a refeição poderá ser precedida por um mergulho na piscina da propriedade, colada à aldeia de Foz de Odeleite, e com vistas privilegiadas para o rio e para Espanha. Só depois os participantes são chamados à mesa, onde já os espera o tal pão caseiro e um queijinho alentejano.
Segue-se então uma Sopa da Montanha (típica da região) farta em legumes e ervas do campo, uma salada algarvia, um frango no churrasco e, para sobremesa, a doce laranja do Algarve. Tudo isto ao som de um grupo ao vivo, com músicas para todos os gostos, mas que privilegia a música popular portuguesa.
Com o estômago cheio nada melhor que dizer adeus à quinta com um pequeno passeio a pé até ao rio, onde já nos espera o Guaditur, o barco que nos levará de volta até Vila Real de Santo António. Largadas as amarras, soada a buzina, é tempo de descer o Guadiana. Sem pressas, diz-nos o comandante. É que este rio gosta de ser admirado com calma e parcimónia…
Ao sabor da maré
Junto a Foz de Odeleite, o Guaditur ainda tem a companhia de dois ou três pequenos veleiros, mas rapidamente passa a ser o único navio a descer o rio. A bordo, o Guadiana torna-se imenso, enquanto as aldeias ribeirinhas parecem ainda mais pequenas e isoladas à sombra dos montes algarvios.
De tempos a tempos lá se avista um dos antigos postos de vigia da Guarda Fiscal, outrora utilizados para combater o contrabando entre as duas margens, mas agora totalmente ao abandono. De resto, poucas mais casas se avistam, mostrando por que motivo esta região é considerada uma das mais despovoadas do Algarve.
No entanto, à medida que nos aproximamos da foz, começam as surgir os primeiros sinais dos tempos modernos. Os aldeamentos turísticos e campos de golfe mostram que o mar já não deve estar longe e o primeiro vislumbre da Ponte do Guadiana confirma-o.
Depois desta voltamos a reencontrar Castro Marim, agora de uma perspetiva bem diferente, mas ainda dominada pelo castelo e pelo Forte de São Filipe. Um pouco mais adiante, na outra margem, a cidade espanhola de Ayamonte também já se faz anunciar e logo a seguir surge Vila Real de Santo António, o ponto de partida e de chegada da Rota dos Mouros.
O Sol já se começou a pôr mas o navio, esse, ainda há -de voltar a subir e a descer o rio. É que a Riosul também organiza cruzeiros ao luar (apenas de verão) que prometem dar a conhecer uma nova faceta do passeio. Agora mais misteriosa, talvez mais romântica, mas sempre surpreendente. Tal qual o Grande Rio do Sul.