Situado no sotavento algarvio, tem o nome do proprietário que abriu esta casa em 1993. Com capacidade para mais de uma centena de clientes, os peixes sempre muito frescos para grelhar, a estupeta de atum e a cataplana rica do mar que também leva lagosta convidam a posteriores visitas. A feijoada de cherne ou de gambas e as lulas recheadas são pratos a não perder. Nas carnes, o cabrito no forno e a cabidela de galo são emblemáticos.
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O que começou por ser uma pequena pastelaria transformou-se num dos mais reconhecidos restaurantes do sotavento algarvio, como prova o prémio recebido recentemente no Congresso das Confrarias Vínicas e Gastronómicas da Europa. Com quase 20 anos de existência, O Fernando continua a servir o melhor da cozinha regional, por isso, se ainda não o conhece, está na altura de passar por lá.
Cozinha na primeira pessoa
A trabalhar na restauração desde os 16 anos, Fernando Nunes decidiu aventurar-se pela primeira vez nesta área em 1991, quando fundou com a mulher a então Pastelaria Oceano, a primeira a abrir na Praia de Altura. O sucesso foi tal que dois anos depois já estava a expandir o negócio, mas desta vez com um restaurante próprio.
A ideia era aproveitar a experiência adquirida até então em vários hotéis e restaurantes do país, mas juntar-lhe um cunho pessoal e quase intimista, daí a escolha pelo seu próprio nome para batizar a casa.
Ao início o espaço era menos de metade do que é hoje mas já nessa altura o dono (e principal cozinheiro) gostava de inventar novas iguarias, como a feijoada ou a massada de peixe. Sim, o peixe foi sempre o prato forte no Fernando e outra coisa também não se esperava. Afinal de contas, o mar e a lota de Altura ficavam ali mesmo ao lado.
De Vila Real a Sagres
Fernando Nunes aproveitou toda a frontaria de um prédio no coração de Altura para transformar o restaurante num espaço amplo e soalheiro com capacidade para 140 pessoas, esplanada incluída. No exterior, um néon luminoso com a palavra “cozinha regional” serve de cartão-de-visita, enquanto no interior os azulejos tão em voga nos anos 90 não escondem a antiguidade da casa.
As toalhas, imaculadamente brancas, e o mobiliário em madeira escura conferem um tom clássico à decoração, mas o elemento que mais se destaca é um grande quadro (pintado por uma cliente) que retrata o regresso da faina, remetendo para as origens piscatórias da agora turística Praia de Altura. Nas paredes expõem-se também vários prémios gastronómicos recebidos ao longo dos anos, aguçando o apetite para o que aí vem.
A cozinha, à vista de todos, dá a entender que ali não há nada a esconder, enquanto uma montra de peixe bastante composta volta a lembrar-nos que o peixe fresco é mesmo o principal trunfo do Fernando. “E todo ele é oriundo dos mares algarvios, desde a ponta de Vila Real de Santo António até Sagres”, garante-nos o dono”, enquanto aponta para “os sargos de Olhão, os robalos de Sagres ou as ameijoas e conquilhas da ria Formosa.”
Sabores regionais mas não só…
A ementa afixada na rua tinha nada mais nada menos que 90 pratos, mostrando que aqui não faltam opções e que o mais difícil poderá ser mesmo escolher. Mas vamos por partes. Para entada sugerem-nos, por exemplo, uma sopa de peixe, um sumo de tomate ou uma salada de atum, enquanto os mariscos começam na amêijoa grande e terminam na gamba gigante para grelhar, com passagem pelo camarão de Monte Gordo e pela lagosta.
Como seria de esperar os peixes ocupam a maior fatia da ementa e só cataplanas há quatro: à algarvia; de cherne, de tamboril e rica do mar. Mas também há espetadas de tamboril, bife de atum de cebolada, lulas à algarvia, muitas espécies para grelhar e claro, o fiel amigo bacalhau, servido à casa, à Braz ou à lagareiro. Já nas carnes sobressaem três especialidades principais entre um total de 14 propostas: cabrito assado, naco de vitela na brasa e Chateaubriand.
Se ainda lhe sobrar um cantinho no estômago não deixe também de provar uma sobremesa regional, como a torta de amêndoa ou o doce da casa, enquanto a carta de vinhos tem cerca de uma centena de rótulos, exclusivamente nacionais, mas com prevalência para os do Douro e Alentejo.
Excelência gastronómica
Mais importante que a fartura é a qualidade. E essa prova-se à mesa, mas também nas paredes, onde foram afixados vários prémios e certificados gastronómicos. Lá encontrámos, por exemplo, a Medalha de Mérito da Câmara de Castro Marim ou o Diploma Platinum Star para a Qualidade, mas o mais recente motivo de orgulho é mesmo o galardão AURUM 2011 “Europa Excellence Enogastronomic”, atribuído no final desse ano.
O Fernando foi a única casa portuguesa a receber a distinção (juntamente com um restaurante da Estónia e outro da Hungria) entregue no IX Congresso Europeu de Confrarias Enogastronómicas, que se realizou em Albufeira. O júri rendeu-se à arte de um dos mais antigos membros da Confraria dos Gastrónomos do Algarve, depois de uma visita surpresa ao restaurante.
Nós fizemos o mesmo e, enquanto clientes anónimos, também pusemos à prova algumas das especialidades da casa. No final, chegámos a um veredicto igual: este algarvio tem mesmo mão para a cozinha.