Desde 1974 que o Chanquinhas faz as delícias de quem passa pela Leça da Palmeira. Restaurante instalado numa antiga casa senhorial, distingue-se pela qualidade da comida (excelente, por sinal) e a lista de vinhos bastante completa. Um espaço sofisticado e requintado, onde o luxo não é, contudo, sinónimo de elitismo. Uma decoração de bom gosto, nitidamente preocupada com o culto do pormenor (os guardanapos dobrados), pontua a sala de refeições. Antigo palacete, dele ainda guarda alguns traços, reminiscências de um passado recente que confere a este restaurante uma certa aura. Lustres, cadeirões e uma decoração em tons de dourado (a conferir alguma leveza aos móveis de madeira escura e pesada) são alguns dos detalhes interessantes do espaço que, decoração à parte, prevalece como restaurante de referência pela sua cozinha tradicional, onde os sabores de Portugal são o pão nosso de cada dia.
Bar/Sala de espera: BarAfastado do bulício da concentração restaurativa de Leça e Matosinhos, onde é frequente porta sim, porta não, ver grelhar o peixe em plena rua, indiferente à passagem permanente dos carros, o Chanquinhas, instalado na sua mansão de fins de século, numa rua calma de Leça da Palmeira, mantém o seu estatuto de referência de bem comer.
Quase 30 anos de experiência, são contributo de força para quem soube, como Ana Maria, a proprietária que manda na cozinha, manter o nível de qualidade da oferta desta casa. Na sala, a lareira e a alcatifa espessa transmitem um ar de conforto que se confirma à mesa. O atendimento particularmente atencioso é outro factor de importância nesta casa.
À mesa, peixe ou carne
A escolha divide-se entre os peixes e mariscos, a marca do mar próximo, e as carnes, com a ênfase posta nos pratos regionais, agora em permanência na ementa. Impõem-se pela execução cuidada, cumpridora do receituário tradicional e pela utilização de produtos de primeira qualidade.
Provem-se então as tripas à moda do Porto, que são de força, com “folhos” em profusão, feijão tenro e saboroso, assim como o arroz branco que lhe faz companhia. E não se deixe passar o arroz de sarrabulho, um teste ainda de maior resistência, apresentado no ponto com o contributo de sangue na medida devida a acompanhar rojões de carne tenra e suculenta com todos os seus afins: tripa enfarinhada, morcela, redenho e batata, tudo bem salteado.
Com dia marcado à quarta feira, o cabrito assado é outra referência do Chanquinhas, também possível por encomenda, assim como a caça onde as castanhas estão presentes. A lampreia chega na sua época, à bordalesa. E também se cozinha aqui uma caldeirada de respeito.
Contrariando a ordem de entrada, não podem ficar sem uma menção os mexilhões a vapor e os grelos à provinciana, numa boa versão, servida em caçarola onde se apresentam salteados com um ovo escalfado.
O creme de camarão contraria a tendência, inexplicável pela quantidade da matéria-prima disponível, da fraca qualidade constante da maioria dos restaurantes próximos. E vem com camarão do fresco. Os filetes de pescada são outra indicação, servida com farinha de pau preparada com caldo de peixe.
Escolha cuidada de vinhos, com algumas novidades, sobremesas representadas pelo pudim abade de Priscos e o leite-creme queimado na altura fecham a essência desta casa onde se espera continuar a encontrar a qualidade a que habituou os seus clientes ao longo de quase 30 anos.