Se o nome é tórrido e irreverente, o espaço também é. Se o nome nos transporta para outras paragens extravagantes e exóticas, o espaço também. Aqui, excitam-se os sentidos através do paladar e do olfacto e viaja-se para outros locais através da degustação de pratos típicos (sem sair de Leiria). Um espaço intimista, decorado em tons e cores quentes, onde a iluminação escasseia e os motivos orientais e africanos misturam e fundem vários apontamentos para criar um estilo muito próprio e particular. Aludindo a vários universos, o restaurante Malagueta Afrodisíaca acaba por gerar um universo só seu.
Dia(s) de Encerramento: Não encerraSe fosse um filósofo, este restaurante seria Sócrates, o cidadão do mundo. Da margem do Lis, navega até aos quatro cantos da cozinha étnica e regressa com gastronomia de subir ao céu. Como convém ao romantismo, o ambiente é intimista. E a viagem flui com sangria e outros especiais, ao som de chill out e lounge music.
Enquanto habitante do centro histórico de Leiria, o Malagueta Afrodisíaca respira apropriadamente na Rua Gago Coutinho. Tal como o lisboeta que inaugurou a travessia aérea do Atlântico Sul, unindo dois continentes, a ementa idealizada por Joel Monteiro contribui há nove anos para aproximar culturas, constituindo um achado nestas paragens.
Cuidado, picante!
Este é um dos casos em que o nome conta. Para guiar os comensais – cabem 32 numa sala orgulhosamente pequena – a malagueta classifica o paladar na lista de sugestões. Fique atento. E se não é dado a experiências picantes afaste-se do korma, o grau máximo da ousadia, com três sinais vermelhos. Frango bem temperado, apresenta-se com amêndoas, passas e arroz basmati.
Antes da escolha, porém, cumpre-se o ritual. A chegada a bordo costuma obedecer ao cocktail. Sem fugir às responsabilidades, escolhemos um mojito, mas também ficaríamos bem com uma caipirinha ou margarita, não saindo, no entretanto, da latina América. A vasta selecção de bebidas é uma das qualidades da casa. Da óptima sangria tinta, que nos irá acompanhar à refeição, até aos sumos naturais com e sem álcool, sem esquecer os diversos chás especiais e cafés, dos quais se destaca o Afrodite Coffee.
Liberdade para namorar
Mais do que o nome, afrodisíaco é o conceito. Os tons quentes e a média luz criam o cenário para um jantar romântico: intimista, requintado, acolhedor. À nossa frente a carta propõe os ingredientes adequados, além de uma verdadeira globalização gastronómica: Índia, Brasil, México, Itália, França, China, há influências de toda a parte, replicando o destino da pimenta-malagueta, que os portugueses descobriram na Amazónia e transplantaram para África e Oriente.
Superadas as entradas, avançamos para o principal. Reclamam atenção as vieiras à Picasso, com puré de cenoura e coco, tal como o caril de gambas à indiana e os camarões eróticos, em molho de soja, com cebola, alho francês e manga. No entanto, opta-se pelo peixe à Vera Cruz, afagado em tomate, pimentos e azeitonas, juntamente com a muito apreciada carne com frutas, isto é, lombinhos de porco em chili acompanhados por amêndoa, batata torneada salteada e banana frita.
Do que elas gostam
A média etária ronda os 30 a 40 anos. Os casais são frequentes. Mas os jantares de grupo no feminino também. A originalidade e atenção ao detalhe do restaurante parecem ecoar na sensibilidade das mulheres, que são mesmo a parte maior da clientela, diz a gerência.