Integrado no Hotel Josefa d´Óbidos, abriu em março de 2015.
Dia(s) de Encerramento: Não encerraComo entrada, comecei pela fritada de frutos do mar. O molho era saboroso, e os ingredientes como o camarão ou o mexilhão estavam apetitosos. Talvez por culpa do molho, mas esse é segredo do chefe de cozinha.
Aproveitando o meu bom apetite, só para não destoar, experimentei a seguir uma sopa de legumes para me ajudar a fazer o lastro que a fritada gulosamente comida não fez. Rematei com uns tenros lombinhos de porco com bacon e cogumelos, acompanhado por vinho tinto da casa, perfeitamente à altura da ocasião. Um almoço destes pode e deve ser prolongado, sob pena de não cair bem. E como sou fã desta filosofia de comer devagar, enquanto esperava pela sobremesa detive-me a observar mais detalhadamente este restaurante. Situado no andar térreo da Estalagem “A Josefa d’ Òbidos”, peca talvez por não ter janelas. Contudo, apesar da luz artificial, a iluminação é discreta e suficiente. A sala, embora bastante ampla, tem o espaço bem aproveitado, dando a sensação de ser mais pequena. Não sei se apenas por culpa das madeiras que revestem a parede ou não, mas a verdade é que me senti aconchegado sentado na minha mesa. Perdido nestes pensamentos enquanto tentava imaginar a pintora Josefa d’ Óbidos que no século XVII vivia por estas bandas, eis que sou chamado à realidade pela sobremesa, a saborosa pêra bêbada com canela. Comi e bebi bem e a conta ficou a rondar perto dos 20 €, mas para quem não está interessado em gastar muito, ao almoço há também o menu do prato do dia, substancialmente mais barato, e de qualidade semelhante à restante carta. Se vive em Óbidos, esta opção justifica-se plenamente, mas se não, é um desperdício não provar a carta deste restaurante que ficou em terceiro lugar no concurso regional de gastronomia da Estremadura.
Após a refeição, já mais do que bem reconfortado, subo ao andar de cima para me ferrar à conversa com o proprietário. É a hora sagrada do digestivo. E porque estamos em Óbidos, seria uma falha irrepreensível não experimentar a ginginha. Tal como o vinho do Porto no Douro, a verdadeira ginga só existe em Óbidos, e a que abastece a Josefa d’ Óbidos, é de qualidade superior. Do produtor ao consumidor, com ou sem elas, não apetece sair do bar sem regatearmos alguma garrafa. E por vezes estas negociações resultam. Assim é que dá gozo, aproveitar aquilo que a terra dá de melhor. E para terminar uma curiosidade importante. A pintora Josefa d’ Óbidos, ou melhor, Josefa d´Ayalla y Cabrera, veio a ganhar este nome artístico precisamente por ter vivido durante a segunda metade do século XVII nos arredores da vila, onde se instalou e pintava os seus quadros. Da sua criatividade, resultaram pinturas a óleo, algumas em telas e outros em retábulo, versando maioritariamente em motivos religiosos ou naturezas mortas com motivos caseiros. O Museu de Arte Antiga em Lisboa é dos melhores locais para se contemplar o seu génio artístico, embora também existam coleccionadores privados que possuem obras suas. Estas, infelizmente, não acessíveis ao grande público.