Inaugurado em agosto de 2014, o Lisboète é um projeto do chefe francês Walter B. Aqui se conjuga a sofisticação característica da cozinha francesa com ingredientes portugueses. Cozinha criativa de autor, onde pode encontrar os mais sofisticados pratos da responsabilidade do chef francês Walter B.Depois do sucesso da primeira casa em Óbidos, onde conquistaram um Bib Gourmand do Guia Michelin (distinção atribuída a restaurantes com refeições cuidadas a preços moderados) e mais tarde do restaurante "O Incógnito" nas Caldas Raínha, o Chef Walter B. e a sua companheira, Mariana Monte, chegam agora à capital.E porque o Chef se apaixonou por Lisboa, o restaurante só podia chamar-se Lisboète!
Dia(s) de Encerramento: Domingos, Segundas (Almoços)Requinte francês com sabores portugueses
O francês Walter Blazevic mudou-se de armas e bagagens para o bairro de Santos, em Lisboa, e promete torná-lo no novo ponto de encontro entre as cozinhas gaulesa e lusa. Desta cimeira gastronómica nasceu uma ementa criativa e surpreendente capaz de combinar foie gras e vinho do Porto, bacalhau e trufas, chá de jasmim e pera rocha. Enchanté!, diz o chefe aos produtos portugueses.
O que leva um chefe francês a trocar a alta gastronomia na Suíça por um pequeno restaurante em Portugal? Um caso de amor, pois claro. Ou melhor, dois. Primeiro por Mariana Monte, a companheira que conheceu em Genebra, e mais tarde pela vila de Óbidos, onde abriu em 1998 a primeira casa por conta própria, O Barco. Quase 16 depois anos, e após passagens pelas Caldas da Rainha e Portimão, este alsaciano está de volta à ribalta graças ao Lisboète, o novo restaurante de Santos que ocupa o antigo Alma de Henrique Sá Pessoa.
À primeira vista pouco ou nada parece ter mudado no nº 92 da Calçada Marquês Abrantes (o mobiliário e a decoração mantêm-se) mas no que mais importa – a comida – há muitas e agradáveis surpresas. Walter Blazevic não foi atrás de modas e manteve-se fiel ao que o distingue dos demais: um equilíbrio quase perfeito entre a técnica da cozinha francesa, aprendida no país natal, e a autenticidade dos sabores portugueses, descoberta ao longo dos muitos anos que leva no nosso país. Também por isso o nome Lisboète faz todo o sentido.
Espaço minimalista, experiência total
Um galo em cerâmica junto à entrada (animal que tanto é símbolo nacional francês como ícone de Portugal) serve de anfitrião ao Lisboète e ao mesmo tempo de novidade em relação ao Alma. Já a sala de refeições, com capacidade para 36 pessoas, continua praticamente igual, dominada pelo branco dos tetos, paredes, cadeiras e atoalhados. O resultado é um ambiente minimalista e sofisticado, sem floreados ou extravagâncias.
Uma luz ténue sobressai entre círculos dispersos e sem ordem aparente enquanto a maior claridade entra através da única janela, emoldurada no interior por um curioso jogo de espelhos. No outro extremo da sala existe um pequeno vidro que revela o corrupio da cozinha, também ela herdada de Henrique Sá Pessoa. São poucos os que resistem a espreitar lá para dentro mas os mais curiosos podem pedir para entrar porque o chefe irá recebê-los de braços abertos. A experiência vale bem a pena, quanto mais não seja para vermos a frescura dos produtos e observarmos o crepitar da comida que daqui a nada estará à nossa frente.
Da Alsácia ao Alentejo
O chefe pode ser francês (com ascendência italo-croata) mas a carta tem como base os (melhores) produtos portugueses, subtilmente combinados com outros mais internacionais. Assim acontece desde logo nas entradas, seja no salmão confitado em flor de sal, abacate e wasabi, na terrina de foie gras, sablé de especiarias, figos e vinho do Porto ou no aveludado de alho francês com lascas de bacalhau e emulsão de trufas. Nós experimentámos esta última e só de a recordarmos já ficámos de água na boca.
Nos peixes destacam-se o atum mit-cuit (semi-cozinhado), cannelone de beringela, tomate e emulsão de ratatouille ou a corvina com funcho gratinado e jus corsé, enquanto nas carnes vale a pena provar o porco bísaro com migas de tomate, chouriço e espargos verdes ou o duo de borrego, azeitonas, alho, pastinaga (um legume) e tâmaras. E assim se prova que até as técnicas e empratamentos sofisticados casam bem com os mais tradicionais produtos alentejanos.
Para sobremesa também não falta uma seleção de queijos portugueses mas os mais gulosos vão preferir a tarte tatin com gelado de baunilha, o creme brulée de baunilha ou o pudim de chá de jasmim, pêra rocha confitada e seu financier (bolinho francês). Notas finais para a carta de vinhos com cerca de 30 referências (exclusivamente nacionais; algumas servidas a copo) e, claro, para a conta final, a rondar os 30/35 euros. Preço de cozinha de autor a fazer jus à arte de Walter Blazevic, o tal francês que se apaixonou por Portugal. A julgar pelo Lisboète, o amor será recíproco.
01-10-2014