Restaurante com sala e esplanada acolhedora com bonita vista sobre as montanhas. A ementa recai na cozinha internacional.
Bar/Sala de espera: BarPode até estar muito frio, aqui para os lados de Oliveira do Hospital, nesta altura do ano. Tanto, que o gelo cobre as estradas, sobretudo nos troços à sombra, requerendo velocidade muito reduzida aos automóveis e atenção redobrada aos condutores. Mas a verdade é que um dia de Inverno solarengo enche a paisagem de brilho. A água é abundante por aqui, pelo que nos cruzamos frequentemente com um rio ou uma fonte natural. E as árvores, mesmo que enregeladas, exibem os seus mantos – verdes, contra todas as probabilidades.
Ambiente de lenda
Encontrar o Restaurante João Brandão, com o nome a lembrar o lendário bandido que aterrorizou as Beiras nos finais do século XIX, não constitui problema. Alguns metros depois de chegarmos à Aldeia das Dez, a entrada do Hotel Rural Quinta da Geia surge, muito bem assinalada. Estacionamos o carro dentro da propriedade e temos ainda tempo para lançar um olhar à vista assombrosa que se obtém a partir daqui: as Serras da Estrela e do Açor emolduram o cenário. Adiante, que lá dentro a temperatura deve estar bem mais convidativa!
O Pedro e o Tiago são os dois dálmatas da casa, que recebem os visitantes com uma simpatia silenciosa e bonacheirona, bem ao jeito da raça. Mal pomos um pé lá dentro, sentimos a temperatura do corpo a recuperar e, passados alguns instantes, o frio já é coisa do passado. Confortáveis, podemos agora apreciar o que nos rodeia.
Confortável é, igualmente, uma palavra muito adequada à descrição que se segue. O granito e a madeira dividem as principais tarefas na sustentação do edifício, enquanto que as cores quentes usadas nos estofos, nas tapeçarias e nas diversas paredes conferem luz e alegria ao ambiente. O bar do restaurante é um prodígio de pormenores: as pipas de vinho, os frasquinhos de compotas e azeites caseiros, os bonecos artesanais e as flores secas, criteriosamente distribuídos, compõem a imagem pretendida: rural, mas sofisticado.
O segredo está nos pormenores
Também o piano, à entrada, coberto de livros de arte e de viagens, confere um toque de nobreza ao conjunto, reforçado pelo elegante louceiro bem apetrechado e pela exposição de pintura que cobre as paredes. Ouvimos música suave, clássica e jazz, e enquanto nos acendem a longa vela da nossa mesa podemos ler a frase que decora duas das paredes principais, e que se torna no principal elemento decorativo: “Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem. Cada um como é.” Fernando Pessoa.