Tem duas famas, uma justa, a outra nem tanto. Começando pela injusta, que lhe atribui o epíteto de caríssimo: não é bem assim. O preço médio é adequado ao elevado nível do Estoril Mandarim e, de entre uma carta com mais de uma centena de pratos, podem escolher-se iguarias desde os 10 euros. Quanto à segunda e inteiramente justa fama, a qualidade, aí sim, estamos todos de acordo. Esqueça tudo o que sabe sobre comida chinesa e prepare-se para uma verdadeira lição de leveza e respeito pelo equilíbrio entre os sabores dos alimentos. Pode optar pela esplanada, com uma vista idílica para os jardins do Casino e, ao fundo, a Praia do Tamariz.
Bar/Sala de espera: Bar e Sala de EsperaAproveite o menú e preço especial Lifecooler no Mandarim
Na cozinha do Estoril Mandarim não se ouve uma palavra. Isto não é, no entanto, sinal de inactividade. Muito pelo contrário. A equipa que confecciona as refeições neste restaurante é, tal como tudo o resto, 100% chinesa. E isso vê-se logo pela disciplina de trabalho quase religiosa.
O Chefe Peng Kuan U lidera as operações. Nomeado, em 2004, um dos melhores chefes de cozinha chinesa do mundo pela "International Who's Who of Cooking", trouxe para Portugal um currículo abrilhantado por vários hotéis de 5 estrelas macaenses, e uma determinação férrea em cumprir à risca a tradição culinária da região de Guangdong, na China.
Por essa razão, aconselhamos vivamente o leitor a pôr de parte tudo o que sabe (ou pensa que sabe) acerca da culinária chinesa. E, já agora, aproveite o exercício e elimine igualmente os boatos veiculados, durante anos, acerca dos preços praticados no Estoril Mandarim. Nem os chineses comem tudo mergulhado em óleo, nem uma Sopa de Barbatana de Tubarão custa inomináveis dezenas de contos (na nossa moeda antiga). Vamos "pôr os pontos nos is".
Em primeiro lugar, convém lembrar que estamos a falar de um restaurante de luxo, com decoração requintada a rigor (acabada de remodelar), um serviço de primeira qualidade e uma série de “mimos” que os clientes muito apreciam, e pelos quais não se importam de pagar – como as salas privadas, com atendimento ultra-personalizado e ambiente taylor made, seja sob o signo dos negócios ou do romance.
No entanto, a carta com cerca de 120 entradas permite tanto saborear uma sopa por 4 euros ou um prato de massas frescas por 10 euros, como uma Sopa de Barbatana de Tubarão (a tal) por 79 euros, a qual, diga-se em abono da verdade, alimenta bem mais do que um comensal. Os chineses costumam escolhê-la para comemorações especiais, muito na mesma linha do que os portugueses fazem com uma boa garrafa de vinho ou de champanhe, pagando, muitas vezes, bem mais por isso.
Se lhe falarmos em Pato à Pequim, certamente acenará com a cabeça, em jeito de identificação. Mas depois de lhe descrevermos o ritual genuíno, cumprido aqui à risca, já começará a ter alguma dúvidas em relação ao seu conhecimento de causa. Tudo começa pelo peso do dito: nunca mais de 2,400 kg. Isto porque a primeira parte da refeição consiste em degustar a pele do pato, estaladiça e envolta em massa fresca, pelo que não convém exagerar na gordura. A carne é servida como segundo prato, fatiada ou enrolada em alface. Custa 49 euros e pode chegar para seis pessoas. Contra factos...
Ao almoço, o Dim Sum é uma escolha particularmente concorrida. Consiste numa espécie de menu de degustação que o cliente compõe a partir de uma vasta selecção de iguarias, como os pequenos crepes, massas recheadas com camarão e espargos, pão chinês, cajus com mel e coco, bolinhos de sésamo ou fritinhos de inhame e camarão, para referir apenas alguns. Sabe particularmente bem acompanhado de chá Monkey Peak e pode resultar na simpática soma de 20 euros por pessoa.
Se lhe acrescentarmos a recente esplanada, debruçada sobre os jardins do Casino Estoril e com o mar como pano de fundo, é difícil imaginar cenário mais agradável para um almoço de Verão - ou lanche, já que a esplanada funciona pela tarde adentro.
Como em Roma há que ser-se romano, não se esqueça de deixar uma nódoa bem visível na toalha. Pode parecer-lhe indelicado, mas na China é interpretado como sinal de satisfação. No final de cada refeição, não há alvura que sobreviva sobre as mesas do Estoril Mandarim. Acredite.