Antiga casa agrícola, este restaurante de gerência familiar tem uma sala ampla e acolhedora, decorada com artefactos rurais. A cozinha esmera-se nas receitas regionais, nos peixes e mariscos.
Bar/Sala de espera: Sala de EsperaVila do Bispo ganhou há 16 anos um restaurante regional que se pode mostrar orgulhosamente ao mundo. Na Estrada do Castelejo - a caminho das praias do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina - o Eira do Mel é ponto de paragem obrigatória, quando o carro e seus tripulantes, muitos deles estrangeiros, pedirem por uma pausa.
Chamar as coisas pelos nomes
A história deste restaurante é também a do proprietário, José António Pinheiro, nascido e criado em Vila do Bispo. Após a conclusão dos estudos de cozinha e pastelaria na Escola de Hotelaria do Algarve, abriu este restaurante num sítio conhecido localmente por “Eira do Melo”. A derivação até ao nome actual tem laivos de anedota. É que o então proprietário do armazém agrícola, à boa maneira algarvia, “comia” o final das palavras...
Apesar de o restaurante estar na sua juventude tem, no entanto, uma aura mais antiga. Tenazes, peneiras, balanças, abanicos e até ratoeiras fazem parte da decoração rústica e revelam o passado rural da terra.
As paredes denunciam ainda os louros obtidos por José António Pinheiro ao longo de mais de uma década passada entre tachos e panelas. A mulher Isália ocupa-se da sala e das sobremesas.
A ementa, que é fixa, pode ainda ter algumas sugestões extra consoante a altura do ano. O que cá encontra sempre é o arroz de peixes da costa e o bife de atum à algarvia. Só por isto já se percebe que a cozinha algarvia é muito mais que peixe grelhado na brasa. E as cataplanas, herança árabe, uma das especialidades da Eira do Mel? Podem ser de coelho, de galinha, de peixe ou de polvo, neste último caso numa acertada combinação com batata-doce.
Do regional ao molecular
Perceve e batata-doce são dois dos ícones gastronómicos desta zona. O vizinho concelho de Aljezur tem a maior área do país de produção de batata-doce com direito a festival gastronómico, que já na 10ª edição.
Os produtos regionais de qualidade marcam, de resto, o perfil desta casa. José António Pinheiro é, desde 2000, membro do Slow Food, um movimento que nasceu em 1986, na Toscânia, em Itália, com vista a promover o prazer da degustação e a biodiversidade na agricultura, o que se reflecte nas várias tradições gastronómicas de povos de todo o mundo.
Nos encontros bienais da Terra Madre - assim se chama o evento - o chefe de Vila do Bispo já levou em representação de Portugal muitos alimentos de que cozinheiros de outras partes do mundo nunca tinham ouvido falar. Este é também um meio de recuperar técnicas e sabores tradicionais e salvar da extinção alimentos mais ameaçados.