Desde janeiro de 2012 que o Porto tem mais um contributo de peso para a oferta gastronómica da cidade. Inês Diniz, da Casa Aleixo, abriu o seu próprio restaurante, também na zona da Campanhã. Segundo o manifesto culinário apresentado, a cozinha aqui praticada é inspirada "em memórias pessoais e familiares, na região, nas estações, nos produtos, nas receitas, nas técnicas e nas pessoas que as preparam. Para a confeção dos pratos, são utilizados apenas os produtos mais frescos, cozinhados de forma simples, com base nas receitas tradicionais portuguesas e em especial da tradição nortenha.
Dia(s) de Encerramento: Domingos (Jantares), SegundasNuma ruinha escondida de Campanhã, a comida não tem temperos secretos. A cozinheira gosta de coisas simples e sal, azeite e louro é quanto basta quase sempre para convencer o palato.
O tentáculo faz as apresentações logo na placa sobranceira à entrada: o polvo é o senhor destas paragens. Haverá por certo quem eleja outras razões para a sua vinda mas pelo menos em dia de estreia cumpra-se o ritual da casa. Há sempre filetes de polvo prontos a sair, servidos com arroz de polvo, não malandro como é da praxe mas soltinho e escurecido pela água de cozedura do bicho.
Claro que isto é válido para visitantes ocasionais, não para boa parte das pessoas que aqui se sentam com frequência. Não se estranha por isso que, apesar de o restaurante ser recente, haja muito quem dirija palavras à cozinheira, enquanto esta mantém a atenção ao lume.
Quem dá o nome ao sítio é Inês Diniz e muitos clientes conhecem-na de há muito de outras paragens. Nascida aqui a dois passos, na Casa Aleixo, cresceu entre tachos e panelas, acabando por assumir a cozinha há uns anos. As voltas da vida levaram a que levantasse voo, como gosta de dizer, abrindo o seu próprio espaço depois de um desentendimento familiar. E não precisou de andar muito nem de fazer grandes transformações.
Granito à vista
Onde antes funcionou a Adega Pacheco, há duas salas contíguas de paredes de granito que acolhem agora fotografias a preto e branco do Porto. É a única diferença digna de nota, a somar aos candeeiros, em relação à anterior ocupação, sem falar, claro, da comida. Numa altura em que a criatividade desperta grandes aplausos, a cozinheira assume o oposto, mantendo-se confortável no que domina. E desconcerta com a simplicidade do tempero, sempre que lho perguntam.
Aqui há cozinha tradicional portuguesa, numa ementa que conhece poucos sobressaltos ao longo do ano.
Os filetes de pescada, que disputam as escolhas com o polvo, levam apenas sal, sem mais. Nada há que disfarce a qualidade da matéria-prima. São feitos de pescada fresca, a exigir muito mais cuidado na fritura, o que os remete para o patamar de nobreza que conheceram no Norte. Não assim há tanto tempo, eram presença obrigatória em dia de casamento ou batizado, quando a pescada da Póvoa era afamada.