As obras da igreja de Santa Engrácia tiveram início em 1570. Em 1630 o cristão-novo, Simão Solis, foi injustamente acusado e ali queimado no ano seguinte, nascendo daí a lenda de uma maldição contra a igreja que impedirira que as obras alguma vez terminasem. De facto arrastaram-se até 1861 e só nos anos 60 do século XX é que terminaram. A igreja tem planta em cruz grega e é rematada por uma gigantesca cúpula bem visível do Tejo ou da margem norte. É Panteão Nacional desde Abril de 1916. Aqui estão os túmulos dos Presidentes da República Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona, dos escritores João de Deus, Almeida Garrett e Guerra Junqueiro e da fadista Amália Rodrigues. Situa-se no Campo de Santa Clara (Feira da Ladra), perto da estação de Santa Apolónia e do respectivo Metro.
Dia(s) de Encerramento: SegundasPode parecer estranho e até corremos o risco de sermos mal interpretados, mas tendo em conta os dias que se aproximam, Dia das Bruxas e Dia de Todos os Santos, as nossas sugestões para um descobrir diferente passam por uma ida ao Panteão Nacional e Cemitério dos Prazeres.
É certo que nos nossos cemitérios ainda não há a corrida de turistas como acontece noutras capitais europeias como Paris, onde o túmulo de Jim Morrison concorre em termos de visitas com outros ex libris da cidade e vem referenciado nos melhores guias de viagem.
Ainda assim temos que nos render à evidencia. Estudiosos como historiadores, arquitectos e simples curiosos da maçonaria vêem nos cemitérios lugares de cultura e simbologia únicos muito ajudados por uma mudança na visão com que nos confrontamos com uma realidade dura como é a morte.
Igreja de Santa Engrácia
O primitivo templo foi fundado por D. Maria, filha do rei D. Manuel em 1568. O monumento, que é dos mais colossais de Lisboa traz agarrado a si a expressão que simboliza o inacabado ou o que tarda a concluir-se: “A obra de Santa Engrácia” é uma ironia aos séculos que a igreja demorou a ser concluída. Em 1910 foi classificada Monumento Nacional e seis anos mais tarde adquire o estatuto de Panteão Nacional, fim para o qual tinha sido consagrado o Mosteiro dos Jerónimos.
É aqui que encontramos as últimas moradas dos Presidentes da República Teófilo Braga (1843-1924), Sidónio Pais (1872-1918) e Óscar Carmona (1869-1951). Escritores como Almeida Garrett (1799-1894), João de Deus (1830-1869) e Guerra Junqueiro (1850-1923) também cá estão sepultados e até a fadista Amália, a última personalidade a chegar e única mulher no Panteão. As flores ali depositadas revelam o quão recente está a sua morte e o quanto foi importante para Portugal. Esta é a homenagem do país a personalidades que contribuíram para a imortalização e divulgação da nossa língua. A literatura e o canto são nesta sala, os actores principais.
Quem cá vier conte com uma aula de história sobre a vida destas figuras aqui contada em resumo. Na capela-mor, sobressai na decoração o órgão de talha dourada proveniente da Sé Patriarcal. Ainda na igreja, em capelas-nicho, encontra os cenotáfios (monumentos evocativos de corpo ausente erigidos em homenagem a ilustres) de figuras históricas para Portugal.
Nuno Álvares Pereira (1360-1431), Infante D. Henrique (1394-1460), Afonso de Albuquerque (1462-1515), Vasco da Gama (1469-1524), Pedro Álvares Cabral (1468-1520) e Luís de Camões (1524-1580).
A originalidade das paredes onduladas têm o intuito de criar efeitos de luz e sombra. Subindo pelo elevador até ao quinto piso, fica-se com uma panorâmica única para o interior da igreja e já não se fala da vista para a cidade. Ir com tempo para usufruir da paisagem. Quem se sentir bem nas alturas vai ter dificuldade em descer à terra.