A Real Companhia do Cacau é uma fábrica de chocolate em Montemor-o-Novo. Em julho de 2015 abriu ao público uma unidade de turismo de habitação situada no palacete da fábrica. Datado do final do século XIX, o edifício está situado no centro histórico da vila, com vista sobre o castelo. Oferece suites e salas magnificamente decoradas e está rodeado por dois jardins. Entre estes, nas antigas cavalariças, funciona a fábrica de chocolate.
Localização: Centro Cidade/VilaUm bombom com recheio de Alentejo
Bastavam o charme da casa senhorial e o ambiente exclusivo para que este alojamento já fosse singular mas há outro ingrediente que o torna único no mundo: uma fábrica de bombons premium, situada entre jardins e suites de luxo. Tudo isto em pleno centro histórico de Montemor e com vistas privilegiadas para o castelo. Se acha que o chocolate vicia, então espere até “provar” o Palacete da Real Companhia do Cacau.
“A vida é como uma caixa de chocolates. Nunca sabemos o que vamos encontrar”, disse Forest Gump numa paragem de autocarros de Savannah, nos Estados Unidos. E os hotéis também, acrescentámos nós à porta do Palacete da Real Companhia do Cacau, um dos segredos mais bem guardados de Montemor-o-Novo que faz da discrição o primeiro passo para a exclusividade. Uma vez lá dentro percebemos porquê. O objetivo é manter a nobreza e a aura senhorial deste edifício do século XIX, mandado construir pelo Visconde de Amoreira da Torre e adquirido em 2010 por Moisés Gama e Sandra Rodrigues de Gouveia para ser utilizado como segunda habitação. Com o decorrer das obras de remodelação surgiu a ideia de passar também a receber hóspedes, o que acontece desde julho de 2015, e logo depois, de servir de morada a uma fábrica de chocolate instalada nas antigas cavalariças, cujo início de atividade está previsto para março de 2016. Um conceito único no mundo com estadias tão premium quanto os chocolates.
Mas deixemos os doces para o fim. Agora é tempo de conhecer os cantos à casa, a começar pelo palacete da unidade, classificada como Turismo de Habitação, mas em tudo semelhante a um hotel de cinco estrelas. É lá que ficam a receção e dois dos sete quartos: a Royal Suite (mais espaçosa e luxuosa) e a Queen Suite (mais intimista), ambas decoradas com mobiliário antigo, bem ao estilo aristocrático. No mesmo piso encontramos também uma sala de jogos com snooker e outra com lareira, em tempos utilizada como fumeiro e agora transformada numa espécie de sala de chá onde, nos dias mais frios, é oferecido um cacau quente e scones acabados de sair do forno. Subindo as escadas até ao primeiro piso começamos por encontrar a biblioteca e mais três grandes salas, cada uma com a sua cor - amarelo, rosa e azul – como se fossem bombons de diferentes sabores e coberturas. Restauradas até ao mais ínfimo detalhe, mantêm os tetos trabalhados e a decoração clássica, a que se juntam tapeçarias da Madeira (a terra natal de Sandra) e peças de arte que o casal foi comprando nas suas inúmeras viagens, como livros de preces da Mongólia ou signos chineses em terracota.
Mas o espaço mais imponente deste primeiro piso, e provavelmente de todo o edifício, é um grande salão em tons castanhos (a pintura dá a ilusão de ser forrado a madeira) onde são servidas as refeições. Uma parte é destinada aos pequenos-almoços, fartos e variados, privilegiando os produtos regionais, e outra, dominada por uma grande mesa, aos almoços e jantares. Embora não tenha restaurante, esta unidade está preparada para oferecer experiências gastronómicas exclusivas e requintadas, mediante marcação, umas vezes a só, outras na companhia de mais hóspedes ou até dos calorosos proprietários, que recebem os visitantes como se fossem amigos de longa data. Atum de caril com batata salteada; bacalhau com alcaparras e caril, acompanhado com batata doce caramelizada; ou lombinho de porco com bolota e nozes, acompanhado com souflé de pimpinella e risotto de coentros são alguns dos pratos principais que compõem a ementa (rotativa), fortemente inspirada nos sabores da Madeira e do Alentejo. Imperdível é também a famosa mousse de chocolate, receita famíliar já rebatizada por um hóspede como… creme real de chocolate à antiga. Um final em beleza para uma refeição digna de reis.
Massagens de chocolate, quartos de cacau e bombons alentejanos
Saindo do palacete pelas traseiras, chegamos ao primeiro jardim da propriedade, flanqueado pelas antigas cavalariças, entretanto adaptadas a diversas funções. Logo à direita está o SPA, decorado por Nini Andrade da Silva (amiga de infância da proprietária) e cujo ambiente convida ao relaxe absoluto. Na lista de cuidados não podia faltar uma massagem de chocolate com envolvimento mas as mais pedidas são as massagens com pedras quentes (no inverno) e com bambus (no verão). Seja qual for a sua escolha, ficará sempre bem nas mãos da terapeuta Salomé Combra.
A mesma ala acolhe mais dois quartos - as Suites Castle -, nome inspirado nas vistas que oferecem para o castelo da cidade. Bastante mais modernas que as do palacete, distinguem-se também pelas paredes pintadas a cor de cacau, pelas enormes banheiras (uma delas aproveitou a antiga manjedoura), pela luminosidade reduzida e pelas camas king size com lençóis de algodão, sugerindo um ambiente romântico e sofisticado. A dois passos dali fica o banho turco e um inusitado ginásio (as máquinas ocupam as antigas boxes dos cavalos) e, logo depois, o último quarto - a Pool Suite -que, como o nome indica, está virada para a piscina. Esta fica situada num segundo jardim, rodeada de tangerineiras, laranjeiras e figueiras e, mais uma vez com o castelo em pano de fundo, quase omnipresente neste turismo de habitação. Um cenário perfeito, quem sabe, para um jantar romântico que, a pedido, também poderá ser servido nesta área.
Entre os dois jardins fica a Fábrica de Chocolate, a única do mundo a funcionar no interior de um hotel. Quando estiver em plena atividade poderá produzir mais de 150 quilos de chocolate gourmet por hora, sobretudo bombons, alguns com ingredientes bem alentejanos, como a bolota. A maioria destina-se à exportação (Norte da Europa e Médio Oriente) mas também será reservada uma parte para consumo interno, ou seja, para fazer as delícias dos visitantes. Além de poderem acompanhar o fabrico dos chocolates e até mesmo aprenderem a confecioná-los em workshops, os visitantes terão ainda a possibilidade de fazerem degustações, não só na fábrica mas também noutros recantos da unidade, como os quartos ou a piscina.
Haverá estadia mais doce e gulosa? Forest Gump era bem capaz de ter razão. Mas se a vida é mesmo como uma caixa de chocolates, neste palacete de Montemor saberá certamente ainda melhor.
2016-02-10