Implantado numa área total de 8 hectares, tem uma pista com 1225 metros de perímetro e oito a 10 metros de largura. Além de disponibilizar o aluguer da pista, possibilita ainda a arrecadação de karts próprios.
Título: Acelerar de KartPreparar
Parece uma corrida de Fórmula 1 em miniatura. Boxes, mecânicos, jogos de pneus, peças sobressalentes, bidões de gasolina e um cheiro intenso a borracha queimada. E o barulho que vem da pista é revelador da actividade dos pilotos. Treinos cronometrados por computador provam até às milésimas de segundos se as afinações estão OK. No pit stop, mecânicos, técnicos e pilotos procuram a melhor estratégia de corrida. Os pilotos trajam a rigor. Capacete, luvas e fato de macaco. Sábado à tarde um bocado do Bombarral é assim.
À conversa com um piloto, descobre-se que o brinquedo já alcançou os 120km/h. “Não, isso é impossível” duvida Nuno Inácio, um dos responsáveis pelo empreendimento. Com a calculadora do telemóvel, multiplica o largura do carreto do carro pela capacidade de admissão de gasolina e conclui que afinal são pouco mais de 100 km/h. Mesmo assim, arrepiante.
Em corridas com duração superior a duas horas existem vários factores que podem tornar o piloto mais rápido. O estado dos pneus, a prestação do motor e também o consumo de gasolina. E o jeito de cada um, claro.
Como em tudo, no mundo dos karts há sempre quem queira subverter as regras. Congelar a gasolina é um dos truques baixos. Segundo as leis da física, o frio contrai, o que permite meter mais um litro num depósito com capacidade para oito, nada mau. Mas, se estiver um dia de sol e a partida se atrasar, é provável que a gasolina comece a pingar para o asfalto em plena grelha de partida. “Para além de perigoso é proibido” explica Nuno Inácio.
Mas esses e outros malabarismos são só para os prós. Se ainda for verde nestas andanças mas gosta de andar na pista, o melhor é optar por alugar um dos 150 carros à disposição que existem para esse efeito.
Estar Pronto
Ainda que com performances um pouco inferiores à da equipas privadas, os 75km/h dão a sensação de voarmos na recta da meta. A suspensão é muito dura e o volante treme. O chassi está a escassos dois centímetros do asfalto, o que reforça ainda mais a convicção que estamos a ir mesmo muito depressa.
Ao final da recta da meta há uma curva a 90º para a esquerda seguida imediatamente por outra a 180º para a direita, tal como no circuito de Fórmula 1 Gilles Villeneuve no Canadá. O esforço de travagem é grande, e a direcção torna-se mais pesada, transmitindo para as mãos todo o desgaste a que as rodas são submetidas.
A tanta velocidade, a força centrífuga parece querer atirar-nos para fora da pista, mas milagrosamente o kart resiste. Derrapa, foge de traseira, mas no final, a trajectória manteve-se e a curva foi vencida. Mais uma recta e mais uma curva. Parece que fizemos um recall à adolescência e estamos a viver por dentro um livro de Michel Vaillant. O único sinal que desmente este ambiente de fantasia é ausência de bancadas cheias. Ainda estão por construir.
Partir
Construir um kartódromo de nível internacional foi realizar um sonho que Amadeu Inácio, ex-piloto de corridas, trouxe de Angola. Baseando-se no seu conhecimento técnico, concebeu um traçado aliciante, o segundo mais comprido de Portugal. No total são 1225 metros de perímetro, muito embora as variantes existentes permitam criar 30 pistas alternativas. O asfalto é óptimo, mas também não era para menos. O Bombarral tem um alcatrão betuminoso especial. E por debaixo deste, uma placa de betão armado que garante a durabilidade do piso. Resultado, a aderência do kart em curva é excelente e os 10 metros de largura da pista dão muita segurança. Mesmo assim, ninguém está isento de fazer uma mão cheia de piões, principalmente os mais maçaricos que se esquecem de levantar o pé a tempo antes das curvas. E os que travam mesmo no meio delas. Situado ao longo da recta da meta, o edifício principal impressiona. Por cima, restaurantes, torre de controlo e lojas. Em baixo são 12 boxes com 36 metros quadrados cada, com abertura para a pista e parque de estacionamento. Em dia de corrida enchem. Na parte traseira, a oficina é suficientemente grande para dar assistência aos 150 karts que se alugam e mais alguns que por lá aparecem. Os três mecânicos é que nunca têm descanso. Para além de vender e alugar karts, o KIRO (Kartódromo Internacional da Região Oeste) criou uma marca de roupa desportiva com o mesmo nome. Blusões, t-shirts e fatos de pilotos são os artigos com mais saída. Se comprou um kart e não está para andar com o brinquedo atrelado ao carro, pode alugar um espaço no porta karts. Um armário gigante em alumínio, dividido em pequena gavetas, onde poderá deixar o boguinhas até ao próximo fim de semana. Só um senão. Lembre-se que andar de kart logo depois do almoço pode agitar em demasia o suco gástrico. Blharggg. De resto, é tudo óptimo.
2001-07-04