Criado em 1992, o Kartódromo de Almancil é um espaço de lazer e competição que está à disposição de todos os amantes e interessados no desporto automóvel mais acessível a todos: o Karting. Aberto todo o ano, o Kartódromo, inaugurado por Ayrton Senna, é uma réplica com 760m de extensão do antigo circuito brasileiro de Formula 1 Jacarepegua, que recebe anualmente mais de 250.000 visitantes. I
Aquecer os motores
O actual record da pista já não pertence a Senna, mas durante os primeiros anos de vida do Kartódromo de Almancil, réplica do circuito brasileiro de Jacarepágua, os 48.33 segundos foram a marca mais perseguida. Todos os que cá vinham, gostavam de comparar os tempos só para saber quantos segundos a mais tinham feito do que o piloto brasileiro. A velha história de sempre quando o aluno que superar o mestre.
À chuva como o mestre
Nos tempos em que corria, Senna era um piloto imbatível na chuva. Ao volante de um Lotus, ganhou o seu primeiro GP no Estoril (quando havia Fórmula 1 em Portugal) porque chovia. Ao longo da sua carreira, sempre que São Pedro ajudava, Senna ganhava, mesmo quando tinha carros inferiores a Mansel e Prost. E essa perícia resultava dum treino específico durante a sua adolescência. Sempre que chovia, Ayrton agarrava no seu kart e fazia-se à pista, só para aperfeiçoar a técnica.
E já que cá viemos para reviver o mito do campeão, não nos podemos intimidar se São Pedro decidir fazer-nos uma visita. Se Senna era o melhor na chuva, está na altura de descobrirmos porquê. Para tal, basta vestir os fatos impermeáveis amarelos, apertar bem os botões e partir à confiança.
Já equipados, pára à nossa frente um rapaz louro e simpático, que conduzindo uma espécie de Pace kart com banco alto e um pirilampo a piscar, faz um pião mesmo à nossa frente.
“Siga-me, por favor”. O sotaque deixa antever que é do leste europeu, apesar de não descortinarmos qual o país. O nosso simpático guia que resolvemos chamar de “Vladimir”, conduz-nos até ao kart e explica-nos o funcionamento. Acelerar com o pé direito e travar com o esquerdo. O resto é por conta dos artistas.
Piões, travões e rotações a fundo
Já instalados no bólide, é só fechar os olhos a última vez e concretizarmos a nossa fantasia. Somos Ayrton Senna e os outros que se cuidem. Prost, Lauda, Schumacher ou Piquet saíam da frente.
“Vladimir” faz-nos sinal a dizer que tudo está OK. São dez minutos para se provar que somos os melhores. A última dica que ouvimos é “tenha cuidado e vá devagar porque a pista está molhada”.
Arrancamos e a primeira curva é para a direita. Devagar, como nos aconselharam, sentimos que o carro não está completamente estável, mas se contamos apenas com meia dúzia de voltas para igualar a perícia do mestre há que apressar o ritmo. Por isso dá-se gás e o resultado acontece logo na curva seguinte. Pião a 360 graus. Por um golpe de sorte, o carro ficou apontado na trajectória correcta. Por instantes ainda se pensa: “Mas como é que isto aconteceu?”. Porém, já que estamos em posição, volta-se a acelerar.
Terceira curva, é para a esquerda. Mais devagar, dosea-se a aceleração e consegue-se controlar o kart, mas à saída da curva, outra surpresa. Desta vez trata-se de uma enorme poça de água que interrompe a trajectória ideal. Tarde demais para fugir, a solução é simples: Corta mato ou melhor, aquaplaning. Agora lembre-se de fechar a viseira do capacete sempre que chegar a esta ponto do circuito, senão arrisca-se a levar com um jacto de água mesmo nos olhos. É que o perfil aerodinâmico dos pneus slick não pensa nesse problema e como os karts não têm guarda-lamas, lá vai banho.