Hotel de vocação cultural e artística, inserido em quinta com passado histórico e cujo solar apresenta características arquitectónicas dos séculos XV, XVI, XVII e XVIII. No primeiro andar da casa principal existem salas de exposição de pintura, escultura e objectos de arte.
Localização: CampoUm centro cultural no campo
Há projectos que nascem para dar dinheiro, há outros que servem para realizar sonhos e esta foi seguramente a intenção de Angel Echazú, ao materializar a Capela das Artes. Este argentino pintor e psicanalista radicado em Paris, decidiu criar uma casa de artistas no Algarve, onde para além do alojamento, fosse possível dar as condições necessárias para o desenvolvimento da arte.
Para um sonho tão louco, o local escolhido foi a Quinta da Cruz, casa brasonada de nobres famílias junto à estrada N125, mesmo à entrada de Alcantarilha. Discreta, a casa quase passa desapercebida aos condutores mais distraídos, apesar de ocupar uma área envolvente bastante considerável.
O conceito é inovador, pois para além de se venderem quartos, comercializam-se também obras de arte, principalmente quadros e esculturas, mas também peças de cerâmica ou antigos móveis primorosamente restaurados.
Como explica o gerente, Oscar Mastroberti, o cunhado de Angel, “Nós por cá funcionamos quase mais como merchant de arte do que hoteleiros precisamente”
Talvez seja difícil encontrar uma definição exacta, porém a Capela das Artes, magnífico hotel de aparência simples, surpreende-nos por todos os detalhes que não revela ao primeiro olhar.
Esculturas ao ar livre
Andando pelos vastos jardins intencionalmente pouco cuidados, onde pouco mais há do que ervas, quase sem se dar, avista-se uma escultura. Depois outro busto ou ainda mais um pássaro ou algum corpo. Algumas têm ao lado a placa com nome do artista e o preço. Pois é, trata-se mesmo de uma grande galeria a céu aberto.
Já dentro da casa, ainda no rés-do-chão, junto à recepção encontramos algumas esculturas e mobiliário de grande valor artístico e, já no primeiro andar, chegamos à galeria de arte, espaço muito requisitado por pintores. Cá existe também uma Capela, que dá o nome ao hotel, onde já não se realizem cerimónias religiosas, mas pode ser visitada.
O génio artístico de Angel Echazú recuperou-a quase na íntegra, e ainda que careça de um espólio religioso visível, sobrou o bonito óleo de motivos religiosos que respaldava o altar.
Descendo à terra e à realidade, pode-se experimentar também outro tipo de arte não tão complexa, mas também ela essencial, a carta do restaurante. É outro dos pontos positivos deste hotel. Oferece uma sala espaçosa em forma de L que acolhe confortavelmente 50 lugares. Entre outras peças como armários de madeira, alguns quadros na parede ajudam a compor a decoração que casa bem o requinte do espaço com um certo ar rústico, para não nos esquecermos onde nos encontramos, no campo.
Os copos de cristal sobressaem sobre o manto imaculado das toalhas brancas, porém, mesmo apesar dos deliciosos cozinhados do chefe Miro, com especialidades da cozinha portuguesa e internacional e também da equilibrada carta de vinhos, nada é pretensioso ou inadequado. Janta-se bem, com o preço a condizer, embora não seja nada de proibitivo, porém o mais importante é prevalecer a certeza de que fomos bem servidos.
De manhã, com outra apresentação é o mesmo local onde se tomam os pequenos-almoços, com pão, leite, cereais, compotas e queijos, e muitas vezes somos servidos pelo próprio Oscar que se levanta com as galinhas. Como nos confessa é um vício do campo.