Projectado na década de 40 pelo arquitecto Cassiano Branco, numa rua tranquila em pleno centro de Lisboa, é um pequeno hotel com quartos espaçosos e um charme muito próprio. Restaurado em 2005 no estilo original "Art Deco", mantém uma dimensão e ambiente que lhe conferem o carácter de um requintado clube.
Acessos: A 7 km do Aeroporto da Portela. A 100 m da estação de metro (Marquês de Pombal)O primeiro impacto
Ao caminharmos pelo passeio da rua Rodrigues Sampaio, deparamo-nos com um pórtico anelar que protege um estilizado portão de ferro. É o Britânia. Não há luzes, neóns, alpendres ou sequer o nome hotel incrustado na parede. Nada, apenas o número 17 dourado sobressai na brancura alva do pórtico e ao lado na parede, uma discreta placa dourada onde está escrito Hotel Britânia. É verdade que o edifício é distinto de todos os outros que encontramos na rua, mas se não prestarmos atenção a este detalhe, dificilmente supomos tratar-se de um hotel. Talvez apenas mais um prédio bonito, mais um desse grande arquitecto que foi Cassiano Branco.
Aproximamo-nos e prontamente o empregado abre-nos a porta que desliza suavemente para a rua. Atravessamos o hall de chão de mármore e apreciamos. O primeiro impacto causa boa impressão. À esquerda o balcão da recepção, em frente as escadas de mármore onde se destaca a escultura com a esfera anelar. Ao lado, o elevador que apesar de já não ser o original, enquadra-se bem, não obstante a sua modernidade.
O bar fica à direita e, apesar de não ser muito grande, é acolhedor e amplo, até porque está ligado com a recepção assim como a sala dos pequenos-almoços.
Fazem-se as formalidades do costume e sobe-se para o quarto.
Nos aposentos de Cassiano
Se tiver oportunidade de eleger, manifeste interesse pelos quartos da ponta, que apesar de um pouco mais caros, são os mais amplos. Apesar de se tratar de um quatro estrelas, não existe a designação de suite, ainda que os quartos da ponta acabem por sê-lo em certa medida.
Mete-se a chave e descobre-se em primeiro lugar um enorme vestíbulo com sofá que também se pode transformar em cama extra. À esquerda a casa de banho e em frente o quarto, propriamente dito. Abre-se a porta e fica pasma-se. Aliás, não é necessário possuir grandes conhecimentos de arquitectura ou sequer de história da arte para perceber que o resultado final não é obra do acaso ou de qualquer arquitecto que sofreu um laivo de inspiração. Na verdade, é inconfundível o estilo de Cassiano Branco, patente desde os rodapés aos frisos do tecto.
Amplo, espaçoso, com um pé direito que nunca mais acaba e com soluções consideradas arrojadas para a época. É verdade que é antigo e até o mobiliário magistralmente recuperado nos transmite essa sensação. Porém, apesar da idade, o espaço está tão bem arrumado que nos sentimos bem acolhidos, independentemente desta casa ter ou não 60 anos. Dá para dizer que isto é que é visão futurista.
Finda a contemplação, começa-se a vasculhar, como é hábito. No roupeiro enorme logo se descobre o robe turco de banho e também o cofre. Depois, chega a altura de se inspeccionar a casa de banho que não destoa ou compromete sequer. Tons verdes ou brancos do mármore, loiças com um design da época e a banheira à antiga. O aspecto é quase institucional, porém muito confortável.