Descobertas em 1955, fazem parte de um conjunto de grutas existentes na serra de Minde. Com uma área aproximada de 6 mil m2, a sala maior mede 80x50m e a altura máxima é de 43 metros. A temperatura, quase constante, oscila entre os 16 e os 18 graus centígrados. A ventilação faz-se através de uma chaminé natural, mas a iluminação artificial procurou realçar toda a beleza das salas de estalagmites e estalacites, não faltando também um fundo musical.
Dia(s) de Encerramento: Não encerraÀ superfície, pedreiras artesanais dominam a paisagem onde homens endurecidos passam os dias em pequenos barracões. À mão, partem cubos de calcário que mais tarde servirão de passeio numa rua de cidade. Por debaixo deste cenário inóspito estão algumas das grutas mais espectaculares de Portugal. Formações geológicas que demoraram milhares de anos a consolidarem-se. Muitas delas foram descobertas por acaso, como Algar do Pena, quando há cerca de 15 anos um homem chamado Pena abria mais pedreira e descobriu acidentalmente uma cratera estreita e profunda. O fenómeno atraiu espeleólogos curiosos que mergulharam por um poço rochoso, onde o corpo se comprimia por entre as pedras para poder passar. Tarefa árdua, pois são 40 metros a pique até ao meio da caverna central.
Ver as grutas
Hoje as cordas foram trocadas por escadas e um elevador, o que não impede que ainda se sinta uma vertigenzinha ao olhar para o fundo. Lá em baixo, apenas uma porta térmica nos separa de um admirável mundo novo. Ou melhor, antigo. Dentro da caverna o espectáculo pode ser apreciado do alto de um varandim de alumínio que mais parece um camarote. A beleza da maior caverna de Portugal é singular. Estalactites gigantes agarradas ao tecto a mais de 50 metros de altura desafiam as leis do equilíbrio e da gravidade.
Até hoje já foram estudados quase todos os recantos de Algar do Pena e descobriram-se outras entradas no tecto por onde se pensa que há alguns milhares de anos, entrava a água que inundava todo aquele espaço, fazendo uma cisterna gigante. Mas o que dela resta é apenas um minúsculo lago.
Dentro da gruta a humidade do ar parece querer enterrar-se até aos ossos. Talvez seja por isso que a temperatura se mantém estável todo o ano entre os 12 e 14 graus. E sempre que esse valor é excedido, as visitas são temporariamente suspensas, até que a própria gruta se autorregule. É que mesmo num espaço tão grande, a respiração humana aumenta o calor provocando a deterioração avançada das rochas.
À descoberta
Juntamente com as visitas guiadas em Algar do Pena ou às grutas de Mira de Aire onde se pode admirar o rio negro (rio subterrâneo que forma o grande lago), também é possível praticar a espeleologia pura e dura. Fora do circuito turístico, existem grutas selvagens sem escadas, projectores de luz ou sequer elevadores, como acontece na Lapa do Morcego.
Ao cair da noite, no planalto da serra de Santo António, as únicas luzes que se vêm no horizonte são as da distante aldeia de Alvados. Com o carro encostado à berma da estrada, verifica-se a logística à luz dos faróis. Fato de macaco, capacete de mineiro com gasómetro e pilhas auxiliares, botas, cordas e garrafa de água. Esta última tem duas funções: matar a sede e dar luz, pois quando as pedras de carbureto são molhadas, libertam um gás que ilumina.
Até à entrada são 200 metros por entre um carreiro de arbustos. Ao primeiro olhar o local parece fácil de explorar, o que nos leva a perguntar se o equipamento não será excessivo. Passados alguns metros a gruta acaba.
Chegados aqui, Zé Artur, o guia de serviço, sentencia: “Agora é que a acção vai começar”. A verdadeira porta de entrada está no chão e não é mais do que um buraco com meio metro de diâmetro. Tal como acontecera em Algar do Pena, aqui também é preciso descer por um buraco. Com uma escada de cordas, o primeiro desnível de cinco metros de altura faz-se bem.
Lá dentro a melhor maneira de andar é escorregar sobre o próprio rabo na rocha húmida. Ainda que não seja uma posição muito ortodoxa, é a forma mais segura de evitar alguma queda, porque tanto o chão como as paredes resvalam muito.
Recomenda-se alguma prudência onde se apoiam as mãos, porque as grutas estão cheias de pequenas armadilhas como o guano. Ou seja, cocó de morcego. Totalmente inodoro (que bom), constitui a única fonte de alimento para alguns dos microorganismos que habitam a lapa e encontra-se sem muita dificuldade em quase toda a parte. Tenha cuidado para não escorregar.
Ao fundo do fundo
A primeira caverna da Lapa do Morcego é ampla e suficientemente alta para conter estalactites com mais de dois metros de altura, estalacmites e colunas, (quando uma estalactite se une à estalacmite), formando um só corpo. Para além destas, é possível apreciar as bandeiras (estalactites com forma ondulada), que parecem lençóis ao vento. Por detrás de umas bandeiras sai a voar um morcego assustado com a luz e o ruído. Embora existam muitas histórias de vampiros, felizmente nem o drácula nem o batman fazem parte deste argumento. Caminhando e rastejando mais alguns metros, volta a parecer que a gruta acabou. Mas não, pois ainda há mais um minúsculo buraco no qual cabemos e que dá acesso a outra galeria. Por vezes é conveniente não esquecer que a luz do capacete é fogo e quando se trepa é preciso cuidado para não chamuscar muito os braços. Enfim, osso do ofício. Embora seja adequada para todas as idades é melhor deixar um aviso. Claustrofóbicos abstanham-se.
2001-06-27