O Espaço Talassa dedica-se à observação dos cetáceos no seu meio natural, dispondo para o efeito de embarcações adequadas e de vigias onde antigos baleeiros informam a posição das baleias e dos golfinhos.
Tenacidade humana
O encontro está marcado para as nove horas, no Espaço Talassa, nas Lajes do Pico. Da Madalena, a vila onde atracou o barco que nos trouxe do Faial, até ao nosso destino, demoramos cerca de meia hora de carro. O caminho faz-se sempre junto à costa e, tal como tem vindo a acontecer ao longo desta passagem pelas ilhas, o motorista do táxi que nos transporta vai desfiando informações sobre a ilha.
Por exemplo, face à nossa observação acerca das casas à beira da estrada, que têm todas ar de serem novinhas em folha, surge logo uma explicação: o violento terramoto que ocorreu na ilha do Faial em 1998, e que causou fortes estragos no Pico, felizmente, apenas materiais. A seguir à destruição, a reconstrução: “É o espírito açoriano, amanhã é outro dia”. Não conseguimos evitar a evocação de Scarlett O’Hara, proferindo a última e célebre frase do filme “E tudo o Vento Levou”.
Novos lobos do mar
Chegamos um bocadinho antes da hora, o que nos dá tempo de assimilar o ambiente. Serge Viallelle recebe-nos na Base de Observação de Cetáceos dos Açores, co-fundada por si em 1987. Na altura, era a única do género no arquipélago.
No espaço onde nos encontramos respira-se vida marinha. As paredes estão cobertas de fotografias, postais, gravuras e miniaturas de cetáceos. Por todo o lado há vestuário, acessórios, livros, cassetes de vídeo e um sem número de objectos alusivos à actividade que aqui se pratica, que podem ser adquiridos pelos visitantes. Para além disso, podemos consultar a biblioteca, a videoteca, as estatísticas da casa e a Internet.
A equipa começa, pouco a pouco, a formar-se. Os skippers equipam-se, enquanto se aguardam as notícias do vigia João Gonçalves, ex-baleeiro “convertido ao turismo”, como ele próprio gosta de se apresentar. Enquanto esperamos, recebemos um briefing acerca do passeio que faremos a seguir, dos cetáceos nos Açores e da actividade desenvolvida na B.O.C.A., que ultrapassa em muito a mera componente de entretenimento. Só falta vestirmos as calças e os casacos de oleado, e colocarmos o colete salva-vidas. Estamos prontos.
2004-08-17