Este é um espaço onde a tradição de bem servir ainda tem uma palavra a dar. Apesar da remodelação recente, manteve-se as caracteristicas originais. Aqui a cozinha regional portuguesa tem um destaque especial.O ambiente é simples e desafogado o que leva a conquistar novos clientes e a manter os de sempre, os fiéi, que lhe reconhecem todo o mérito.
Bar/Sala de espera: Bar e Sala de EsperaA rua Alexandre Herculano é uma rua que se impõe pela sua dimensão e história numa zona nuclear do coração da cidade do Porto. A maioria das construções representam, e bem, uma época de fim de século, e é ao século XIX que se refere, embora o seu estado geral de conservação, tirando algumas honrosas excepções, deixe muito a desejar. Para quem não conheça ou não circule com frequência na invicta cidade, é uma rua que fica fora do circuito. E é pena. Porque é bem representativa de um certo espírito do Porto genuíno. Com uma nota para o edifício onde ainda se encontra a EDP, com curiosas estátuas em proeminência na sua fachada principal chega-se, no caminho descendente, à casa de pasto Ribatejo. Agora com promoção a restaurante. Foi e é uma das várias casas típicas, com registo de adega para uns, casa de pasto para outros, ponto de encontro de clientela fixa. O almoço com pratos em conta, foi a referência para os trabalhadores dos escritórios próximos, quando esta zona da cidade tinha outro ritmo de vida.
Este caso concreto é merecedor de uma visita, após obras que lhe ampliaram e limparam o espaço, mantendo a ideia da casa de pasto que lhe deu origem, manifestada na primeira sala, onde num balcão se provam petiscos com vinho da pipa. Pelas paredes artigos representantes de alguma tradição popular alegram o ambiente. Avançando para a primeira sala, já de jantar, com interessante conjugação de vidro fosco e metal que esconde a cozinha, encontra um espaço diferente onde a grande jarra de flores frescas e as fotografias “modernas” do Porto lhe dão um toque mais actual. A parte mais interessante, e falamos desta época do ano, vem a seguir. Uma agradável esplanada coberta por uma ramada de vinha cujas folhas comprovam os seus muitos anos de vida, entre verdes protegidos por biombos de cana. Resultado: um ambiente fresco, recatado e muito agradável. Mesas de boa dimensão, cadeiras confortáveis e serviço eficaz.
Chegando às escolhas, se for a hora do almoço, é pelas sugestões do dia que se aconselha procurar, pois seguem a disponibilidade do mercado. Assim, quando não for a hora do peixe fresco, que é variado, tratado na grelha ou cozido, poder-se –a optar pelo bacalhau, na versão mais poderosa à moda de Braga, frito com cebolada e batatas às rodelas, ou, e aqui a recomendação é feita sem dúvida alguma, em pataniscas. São cozinhadas sob a forma original, ou seja, pequenas, massa fluida e bacalhau bem desfiado, fritas na temperatura adequadamente alta que as tornam bem estaladiças. Como complemento ao mesmo nível, o arroz malandro de feijão encarnado. De origem alentejana, opta-se pelas plumas de porco preto, bem grelhadas com o sal grosso devido e bem acompanhadas pelas batatas, novas e douradas. Os filetes de polvo com arroz homónimo, da categoria solta, são outra hipótese, assim como os rojões, a posta à mirandesa com as referidas batatas e outras variáveis escolhas. À noite, com predominância ao fim de semana, seguindo um horário tardio, os petiscos vão variando com exemplos como orelheira, pimentos recheados com carne picada, bolinhos de bacalhau, croquetes, presunto e por ai fora. Nos vinhos não se pode reclamar da oferta, pouco inflacionada, e com algumas escolhas fora do comum em meias garrafas. Para doces, dentro do registo tradicional, encontram-se a mousse de chocolate e as queijadas da casa. Fruta fresca é opção alternativa com referências às cerejas. Bem no centro do Porto aqui fica uma boa opção de cozinha tradicional a provar à sombra da ramada.
2006-07-12