Criada em 1996, a Barcadouro promove cruzeiros diários ao longo do rio Douro, a bordo das embarcações "Senhora do Douro", "Infanta" e "Pirata Azul". A empresa propõe um conjunto variado de passeios standard, estando também vocacionada para desenhar cruzeiros personalizados.
Cais da Régua, 14.30h.
Mal os barcos aportam, logo se acercam mulheres da terra com cereja e rebuçados da Régua para vender. Aumenta a confusão quando se misturam passageiros que descem para ficar na Régua e outros que pretendem subir com destino ao Pinhão ou mais longe, até Barca d’Alva.
Não foi num rabelo que nos aventurámos pelo Douro, o que retira uma certa percentagem de charme à viagem. Mas ficamos com o consolo de estarmos entregues à amável tripulação do Pirata Azul que se despede dos passageiros um a um e ajuda a descer os que pela força da idade ou das circunstâncias (senhoras com carrinhos de bebé) têm mais dificuldades.
Depois já se sabe... Nestas coisas da panorâmica, a regra é sempre a mesma, escolher o melhor lugar para absorver toda a paisagem. No Douro padecemos de um grande mal que é o de banalizarmos o local pelo excesso de beleza. Mas a guia está lá para chamar a atenção com dados históricos e pormenores a reter... Ouvimo-la onde quer que estejamos através das colunas instaladas em pontos estratégicos.
Nisto já vai ficando a Régua para trás com as suas pontes altaneiras. Momento interessante, este, o passar junto aos pilares fortes e altos destas três obras de engenharia. A primeira a pisar o Douro é a metálica e foi projectada para receber a linha férrea entre a Régua e Lamego, que aliás nunca chegou a funcionar. Assegurou a ligação entre as duas margens desde 1872 durante 77 anos de trabalho pesado. Bem merecida a reforma.
O século passado foi de progresso para a Régua com mais duas comunicações viárias. A nova ponte foi apelidada de Miguel Torga porque no concelho de Sabrosa viveu o escritor. Ainda o novíssimo IP3 que também tem os pés no Douro e que nasceu para o mundo no ano das grandes inaugurações, 1998.
Do que se viu de cidade e movimento, na Régua ficou. Em poucos minutos, a paisagem muda radicalmente com a Natureza a imperar em forma de montes e vinhedos. Sempre assim até ao Pinhão.
A paisagem do vinho
São 927 quilómetros que o Douro percorre desde a serra de Urbión em Espanha de onde nasce a 1700 metros de altitude até descansar no Atlântico, na foz do Porto. Em território nacional, e se algum dia se aventurar a percorrer este curso até à fronteira, bem pode contar com a passagem por mais de 16 pontes e cinco barragens que atrasam o percurso do rio, propostas para dois dias de passeio.
Neste que durou duas horas e meia passámos apenas pela barragem da Régua, sendo essa elevação o segundo ponto alto. Vencemos o desnível de 27 metros através de um elevador de 12 metros de largura e 90 de comprimento, para onde o barco entra. A comporta é depois encerrada entrando a água e elevando a embarcação que está amarrada a uns ganchos que vão subindo consoante o nível de água. Vinte minutos até se completar o processo. Gente espreita da ponte para ver todo este seguimento. E nós que começámos lá tão no fundo quase que lhe tocamos agora.