Antiga Estalagem de São Domingos (fundada em 2006, recuperação de um antigo palácio), o Alentejo Star Hotel-São Domingos está situado na Mina de São Domingos. Rodeado por bonitos jardins com extensos relvados, fica a pouca distância da praia fluvial. O hotel oferece piscina, ginásio, restaurante, bar, sala de jogos, biblioteca, parque infantil e observatório.
O Alentejo Star Hotel-São Domingos proporciona-lhe uma experiência única: estamos sob um dos céus mais estrelados do mundo e é à noite que a magia acontece - a partir do observatório pode ver um número de estrelas sem fim, constelações e distantes galáxias como a Via Láctea.
Na paisagem "escancarada" das Minas de S. Domingos, Polo Norte foi e ficou feliz. Deixou-se ficar. À boa maneira alentejana. A blogger que já aqui nos falou do seu amor pelo Minho e pela ria de Aveiro, revela-nos agora um pedaço do seu Alentejo.
Há algo de incrivelmente mágico do Alentejo. Aquela nudez da paisagem como se pouco houvesse a esconder, solo escancarado ao sol, um deboche de beleza simples e desmaquilhada, natural e óbvia, uma beleza sem fim e sem pudor.
As Minas de S. Domingos receberam-nos de braços abertos. Tivemos direito a um quarto com vista para um ninho de cegonhas. Gastei, ou melhor, investi um bom tempo a observá-la. A observá-los: macho e fêmea dentro de um ninho gigante, berço de ramos pequeninos e delicados, ela a cuidar da cria, ele a fazer voos pacientes, um a um, ramo a ramo em cada viagem, ambos a encaixá-los com cuidado e numa lógica instintiva.
Fizemos uma caminhada com paisagens absolutamente deslumbrantes, passagem por aldeias esquecidas onde as pessoas me oferecerem o pial para descansar, vinho e queijo e a vista de uma tapada que serpenteava por aqui e ali e só me apetecia ficar.
"Ficar", esse verbo tão alentejano, tão sulista, entre o deixar-se estar e o pousar, entre o planar como um grou e fazer ninho como uma cegonha, entre a simplicidade do pão e o requinte do azeite.
Comemos melancia e melão comprado ao raiar do dia no mercado, pão como nenhum outro lugar do país consegue fazer, queijo das cabras a quem a Ana, minha filha, foi dar comida na véspera. E fomos ao restaurante "a Paragem" na rua da Paragem, no Largo da Paragem, em "A-dos-Corvos" comer o melhor cozido de grão de que há memória. E dormimos sestas. E apanhámos uvas do quintal do tio.
Espreguiçámo-nos na "tapada" que agora se chama "praia fluvial" e tirámos fotografias que retratam calor. E recebemos beijos lambuzados da boca suja de gelado e abraços enquanto estávamos sentados no pial a assistir à felicidade da nossa cria de cegonha, passarinho sem asas.
As crianças precisam de poucas coisas. A Ana, para ser feliz, precisa de chão. De muito chão para correr, saltar, dançar, apanhar flores do campo. Para se deitar à noite, aconchegada numa manta entre os pais, a contar "estrelas", o sítio onde vivem os "avójinhos". O Alentejo é chão. Foi chão e palco de uns dias de infância que a Ana nunca irá esquecer - mesmo que a memória de dois anos não a ajude - mas que se alaparam no crescer dos ossos e no engordar das carnes, no brilho dourado da pele, nas cores das faces e nas gargalhadas oferecidas à planície.
Trouxemos o Alentejo no coração, como uma espécie de reserva de harmonia e tranquilidade, cujas memórias iremos resgatar ao longo do ano que aí vem.
Neste Verão, numas férias de pés-descalços, ficámos e ficámo-nos. Fomos alentejo-felizes.
A autora e o blogue
Da Pólo Norte sabe-se que é psicóloga, vive em Cascais, é casada com Mámen e tem uma filha Ana, com 2 anos. Em 2008 fundou o blogue Quadripolaridades que alimenta diariamente com posts acutilantes e cheios de humor. É conhecida na blogosfera por dizer (quase) tudo o que lhe vem à cabeça. Mantém ainda o blog MãeGyver, onde relata os seus "conhecimentos de maternidade na ótica do utilizador".
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2014-10-15