Ainda corria a década de 50, quando o pai do actual proprietário, habitante da aldeia de Bustos, decidiu, espicaçado pelos amigos, experimentar fazer um frango no churrasco. Na época, detinha um café onde, apesar de não vender bebidas alcoólicas, fazia de vez em quando uns petiscos para se entreter com uns amigos. A verdade é que no meio da brincadeira se esmerou e o pessoal começou a pedir mais e mais. Rapidamente a fama cresceu e Bustos tornava-se o destino de comensais que aos fins-de-semana faziam fila para provar o tal frango no churrasco.
O negócio aumentou tanto que na década de 60 mudaram-se para as actuais instalações, que foram em tempos a muda das diligências, nada mais do que a Malaposta. E curiosamente, a terra também se chama Malaposta e fica logo a seguir à Anadia, em plena N1. Se em Bustos já havia romarias, não é difícil imaginar as torrentes de pessoas que aqui vinham comer, trazidas pela principal estrada do país quando as auto-estradas eram uma miragem. E para dar resposta a uma tão grande procura, era necessário uma casa ampla o suficiente, para poder sentar confortavelmente 300 comensais. Nas paredes do Pompeu encontramos painéis de azulejos alusivos à Malaposta, retratando a vida naqueles dias. São as parelhas de cavalos e os celeiros de feno numa época na qual a viagem Lisboa-Porto, podia ultrapassar as 34 horas. Sentamo-nos, pegamos na carta e descobrimos que há bacalhau, bifes ou costeletas, mas que pouca ou nenhuma saída têm. Aqui come-se o frango no churrasco e quase não vale a pena variar. Pequeninos, deliciosos, sumarentos, são muito gostosos. Toda a gente pede frangos e pelos corredores, é só ver as travessas a passarem para as mesas. Os clientes são maioritariamente portugueses, mas também há alguns estrangeiros (muitos espanhóis) que se pelam pelos franguinhos do Pompeu.
E como frango no churrasco que se preze deve ter picante, piri piri ou jindungo, como lhe preferir chamar, no Pompeu, vem para a mesa num frasco de vidro com um pequeno pincel, que ajuda a temperar o gosto ao paladar do cliente. Para saborear bem a comida, o melhor é despir-se de preconceitos e agarrar o frango com a mão. Estes vêm inteiros e são partidos, ou melhor, cortados pelo empregado já na sala, que depois o leva à mesa, como quem serve um troféu, merecido, diga-se de passagem. A expectativa é grande principalmente para quem nunca provou os franguinhos do Pompeu e a verdade é que a qualidade do frango está à altura das expectativas. Porém, há alguns segredos e pouca casualidade por detrás disto. O primeiro é que os frangos são todos do mesmo aviário e têm aproximadamente 21 dias de vida, não sendo por isso demasiado gordos, nem demasiado pequenos ou grandes. O segundo factor está no molho especial do tempero que leva antes de irem à grelha. Carlos Aires, o proprietário, é o único que lhe conhece os segredos. Como o faz, não conta nem sob tortura, mas percebe-se por que é que esta casa ostenta ainda a fama de melhor frango no churrasco de Portugal.
2003-12-02