restaurante premiado em concursos de gastronomia regional, é um digno representante da melhor cozinha algarvia serrana, distinta da praticada na zona litoral. Ricos, aromáticos e apetitosos, assim são os pratos que, com a assinatura de Rogério Alves, cativam os comensais desta casa, cuja decoração também homenageia esse Algarve mais desconhecido.
Acessos para deficientes: SimPara chegar ao restaurante Moiras Encantadas, começamos por descobrir influências muçulmanas e depressa chegamos às memórias de infância no barrocal algarvio, quando o culto da mesa reunia a família de Rogélio Cabrita Jorge, os jantares principiavam às duas da tarde e a comida era deixada a atibar num tacho enorme em lume brando, a um canto da lareira.
Memórias de infância
A mãe era o chef da aldeia de Paderne, cozinhando aos domingos para casamentos, baptizados e outras festas, com cheiros e sabores que permanecem até hoje na imaginação do empresário. Prosseguiram com ensaios para os amigos, tertúlias que valorizavam a refeição como um espaço de prazer e convívio, chegando a finais da década de 80, na Suíça, onde o gosto didáctico pelos fogões deu lugar à primeira experiência de cozinha profissional. E, em simultâneo, ao fim da carreira de Rogélio Jorge como inspector técnico na Fiat.
Dez anos mais tarde, em 1998, podemos, enfim, regressar a Paderne, terra de um dos sete castelos representados na bandeira de Portugal. O itinerário mais fácil, para quem está na costa, é apanhar a velhinha EN 125 e subir por Ferreiras ou Boliqueime. Lá chegados, o Moiras Encantadas fica na rua principal, a Miguel Bombarda, mesmo junto ao campo da bola, hoje transformado em estádio.
O edifício, comprado em ruína, alberga seis quartos para hóspedes no piso superior. O restaurante fica no antigo celeiro - uma sala que aconchega, onde os arcos ogivais e paredes cremes em pedra nua, com cerca de 300 anos, conferem um ambiente intenso. Antes, passámos pelo páteo, a escolha perfeita em noites de Verão, cuja banda sonora pode ser escrita a notas de jazz. Está protegido por loureiros, figueiras, oliveiras, macieiras, limoeiros e outras árvores, mas a estrela é um tamarilho, espécie originária da América do Sul.
Tradição reinventada
Sentados à mesa, enfrentamos, por fim, o desfile de sugestões, resultado de décadas de amor à culinária. Memórias de infância, aprimoradas pela experiência, com um toque de autor e de criatividade a renovar a tradição da serra algarvia, explica Rogélio Jorge. Com prioridade aos legumes de época – mais de metade são de cultivo biológico - e aos produtos locais, como o polvo de Santa Cruz, a batata-doce de Aljezur e a amêijoa da Ria Formosa.