Cozinha nepalesa bem confecionada para saborear num espaço pequeno, acolhedor e intimista.
Acessos: Autocarros: 14, 15, 20, 27, 38, 43, 49. Eléctrico: 28. Fica na Rua do Sacramento, muito perto do local. Onde se cuza com a Infante Santo.À partida ninguém diz o que aqui está. Discreto, nada neste restaurante chama a atenção. Aliás, nem a porta se encontra aberta. Há que tocar para sermos atendidos. A sala é pequena, adjectivo que qualifica as 30 pessoas que em simultâneo podem tomar aqui a refeição. Em traços gerais, dá para se perceber que nada do que aqui está foi feito de raiz para um restaurante nepalês. Azulejos até meia-parede e ao fundo, a garrafeira de vinhos portugueses...
Tirando alguma decoração, como pequenas estátuas, alguns instrumentos pendurados e quadros mais típicos destas paragens, aqui poderia funcionar qualquer outro tipo de restaurante. A bem da verdade antes deste projecto, os mesmos donos aqui alojaram um restaurante italiano. Mas os clientes com mais confiança iam pedindo os sabores das terras de origem de Sopkota, o jovem cozinheiro. E desde Setembro último que num hastear das bandeiras, a Itália foi substituída pelo Nepal.
Raparigas nepalesas de pele morena e cabelo escuro tomam conta dos clientes. Podemos até ter dificuldades em percebê-las dado o pouco tempo em terras lusas mas é garantido que a conversação se torna até engraçada e que não fica comprometida. E depois é um atractivo suplementar num restaurante nepalês sermos atendidos por empregados... nepaleses. Pode parecer redundância, mas nem sempre é assim, como todos sabemos.
Tradicionalmente, o borrego e o frango são famosos, mas há ainda o camarão que já vai marcando presença na carta na secção “Pratos com Molho”. Sacie a sede com um batido de fruta ou de iogurte (doce ou salgado) que têm reputação firmada.
E o que se come num restaurante nepalês? Logo ao início, um pão com alho (lasuna roti) e não de alho, tal é a quantidade deste ingrediente. Mas outros são os rotis (pães) que apetece degustar. Com queijo, com batata ou até simples, para outros paladares.
Acompanham três molhos. De malaguetas verdes (picante), outro agri-doce e ainda um último de iogurte com menta. Com qualquer um deles, o casamento é perfeito, valha o gosto do cliente. A chamuça de legumes (tarcari sigada) ou a de frango (dhaulagiri sigada) tão típicas do Oriente, são outras pequenas maravilhas.
Para não nos preocuparmos muitos com os termos escritos no idioma original, segue-se sempre a explicação em português. Avançando na carta, as restantes sugestões distribuem-se pelas categorias “Vegetarianos”, “Grelhados em Forno de Carvão” e “Napali Bhat”, especialidades de arroz. Dos cerca de 45 pratos acompanhados de arroz branco cozido a vapor (solto e aromático, óptimo), alguns serão certamente do seu agrado. Vêm para a mesa em pequenos tachos como o que aqui apresentamos.
Em muitos deles vai encontrar um ingrediente que muito provavelmente não o associaria ao Nepal, o caju. Apesar da casa se chamar Himchuli, que significa "picos das neves”, nem todo o Nepal é frio.
O arroz doce regional (khir) é uma das hipóteses de finalização assim como o pudim de nata com caju e frutos silvestres (dugdha malahi).
No final, os empregados sabem da qualidade e do sabor da cozinha mas gostam sempre de ouvir a confirmação da boca de quem, por esta altura, já se encontra saciado.
À noite, são as velas usadas nos templos que conferem outra atmosfera e as empregadas vestem um fato tradicional, como o que vemos na fotografia.
Pratos simples mas muito saborosos. E com este preço médio por pessoa (15 euros) dá vontade de cá vir muitas mais vezes. Ou então levar para casa. Dhanêbade*.
*Obrigada