Trazer um pouco dos Açores e da sua gastronomia para Lisboa é a proposta deste espaço situado na Ajuda. Com uma agradável vista panorâmica e tirando partido dos materiais da região de origem, o Espaço Açores proporciona uma viagem pelos diversos sabores das ilhas açorianas.
Dia(s) de Encerramento: TerçasA casa não é propriamente nova, mas a novidade é de peso. Alfredo Alves deixou a cave que ocupou, durante cerca de oito anos, na Rua Frei Carlos, sob o nome pouco elucidativo de Bambino d’Oro, e instalou-se numa sala soalheira e com vista sobre o Tejo, no novo Mercado da Ajuda, com um nome que diz tudo: Espaço Açores.
Enquanto o Homem sonha
Ainda antes do Bambino d’Oro, já Alfredo emprestara o seu nome e a sua arte a um restaurante faialense que chegou a figurar entre os 30 melhores do país. Felizmente para nós, continentais, que veio para ficar. Sobretudo agora, que conseguiu concretizar o sonho de erguer, de raiz, um templo verdadeiramente à altura da gastronomia genuinamente açoriana.
O Espaço Açores é mais do que um restaurante, convém dizê-lo. Para já, abre portas todos os dias, do meio-dia à meia-noite, excepto às terças-feiras, e serve lanches com o mesmo rigor regional aplicado nas refeições principais.
A Massa Sovada e Bolo Lêvedo são sempre fresquinhos; as Queijadas de Nata do Faial fazem crescer água na boca só de olhar para elas; a Linguiça é servida em pratinhos ou a rechear uma deliciosa Bola; em pratinhos também há Lapas e Polvo; e as propostas de sanduíches variam entre o Atum (do fresco, assado no forno), a Alcatra ou o Torresmo (à maneira dos Açores, de carne limpa). Para beber, as opções são várias, mas não resistimos a destacar o refrigerante Kima, de Maracujá, e os aromáticos chás de S. Miguel. O serviço é particularmente cuidado, o que faz com que estas iguarias nos saibam duplamente bem.
Esta é, de facto, uma das grandes novidades introduzidas com a mudança de localização. Mas é apenas uma delas.
Mais Açores
Foi João Redondo, um arquitecto micaelense residente em Lisboa, que deu corpo à “visão” de Alfredo Alves, e o resultado é 100% açoriano. A madeira de criptoméria e o basalto, vindos das ilhas, cobrem o chão e as paredes.
As cores de eleição, o azul e o vermelho, remetem para as casas típicas de beira-mar, chamadas de adegas. E a inclinação subtil das traves de madeira confere à sala uma atmosfera náutica, reforçada pelo efeito do tecto da entrada, que forma uma quilha.
Depois, temos a vista: as vidraças acompanham a sala ao longo de todo o comprimento, pelo que podemos admirar o casario a descer até ao Tejo, a ponte 25 de Abril e até a margem sul. Isto, mesmo com os estores corridos, graças aos engenhosos materiais que cortam a luminosidade excessiva sem nos privarem da visibilidade.
A elegante garrafeira exposta na parede de fundo foi reforçada: há novos vinhos do Douro, por exemplo, e são privilegiados os contactos directos com os produtores. Mas, pelo menos por uma vez, para a experiência ser totalmente açoriana, aconselhamos um Lajido do Pico, para aperitivo, um Frei Gigante Branco para acompanhar os pratos de peixe, um Currral Atlantis tinto a condizer com as especialidades de carne, e um Licor de Maracujá de S. Miguel para rematar em beleza o repasto.