Aberto em janeiro de 2014, a sua ementa baseia-se na mistura de sabores e influências. O ambiente e a decoração do espaço também pretendem refletir esse ecletismo.
Ambiente e decoração: Conceito minimalista e industrial.Baralha e volta a dar
Abriu há pouco mais de um mês no Bairro Alto, em Lisboa, com Chakall, António Amorim e Ricardo Quaresma (sim, o futebolista) como cabeças de cartaz. Serve peixinhos da horta, churros chiques, risotos e ceviche e tem forno a lenha. Intrigados? Nós também.
Já se fizeram todos os trocadilhos possíveis com o nome deste restaurante. Porque "blend" significa“mistura” e porque a carta junta as miscelâneas criativas do chefe argentino Chakal – que criou a ementa - com as sofisticações do chefe António Amorim - que é quem põe a mão na massa, apesar de não haver massas nem pizzas, e porque quem manda nisto tudo é o futebolista Ricardo Quaresma, do Futebol Clube do Porto. Fomos averiguar.
Geografia de Sabores
Primeiro o local: a Rua do Norte, em pleno Bairro Alto de Lisboa. Fomos numa sexta-feira e a movida noturna já tinha contagiado o restaurante que estava à pinha. O espaço é pequeno, com decoração sofisticado-industrial e luz intimista, mas as misturas do DJ de serviço (Pedro Rendas) não ajudam à profundidade das conversas. O melhor é deixar-se ir no ritmo e concentrar-se nas surpresas da ementa. Nada de jantares românticos - pelo menos sextas e sábados -, aqui é para ver e ser visto - até a cozinha está à vista - e provar originalidades ou recriações tradicionais de sabor e aspeto apurados. Também não conte encher o bandulho porque falamos de quantidades nouvelle cuisine e petiscos (exceção feita ao hambúrguer). Tudo bom.
Se estiver em dia de paladares subtis, abra caminho com o Ceviche Amazónico com manga e leite de tigre – feito com molho de iogurte e lima (€13) – uma espécie de trinco exótico da ementa, e chute para canto com o Peixe do Dia em Papillote com legumes salteados (€22). Confie no apoio do vinho branco da casa (Vallados) a copo (€6,5) ou num dos 10 gins da carta e saia de campo com a fruta gratinada com gelado (€9). Sem polémica.
Se estiver mais virado para sabores corpulentos, comece com o Fuul Medani, um tachinho de feijão com acompanhamento de cebola confitada e pão pita, a piscar o olho à gastronomia do Sudão (€7), e prossiga para um Hambúrguer Blend Wood com cebola empanada, queijo scamorza fumado, panceta (bacon italiano feito da barriga do porco) e misto de batatas fritas (€19). Os audaciosos rematam com a Empada de Doce de Leite e queijo, os prudentes com o Tiramisu de frutos silvestres.
Relato de um jantar
Pausa para intervalo com tempo para esclarecer que o Blend só abre ao jantar, que o Ricardo Quaresma é o investidor de serviço mas não teve voto na ementa e que quase todos os pratos passam pelo forno a lenha branco que é o ex-líbris da cozinha. E para destacar outras sugestões da carta, como o Risotto de Pato com redução de laranja ou o Polvo com Pimentos e Açorda de Cogumelos.
Os estrangeiros – e eram muitos os forasteiros engravatados nas mesas – vão gostar da Volta por Lisboa: uma amostra de pica-pau, peixinhos da horta com aioli de coentros e bacalhau fresco (€15), perfeito para fazer ‘pandan’ com uns Churros com molho de chocolate e avelã (€8), a versão chique da comida de feira. Depois, é pedir um cocktail do dia (€8) e deixar-se ficar a fazer o rescaldo digestivo. A cozinha fecha à meia-noite, mas de quinta a sábado o bar fica aberto até às duas da manhã. Lá fora há a Bica - que é linda! - e um mundo de outras geografias à espera.
2014-02-12