Foi mandado construir no século XIX pelo Visconde de Monserrate Francis Cook. O projecto é da autoria do inglês James Knowles, em estilo orientalista, consentâneo com o ambiente romântico recriado em Sintra na época de D. Fernando II. Os motivos revivalistas, mouriscos e neogóticos decoram frisos, janelas e entradas, prolongando-se no interior em revestimentos neomudéjares e em estuques rendilhados. Os jardins à volta são extraordinários e todo o conjunto tem estado a ser recueperado pela Parques de Sintra-Monte da Lua. Situa-se na serra de Sintra, na descida da vila para Colares pela estrada interior de Monserrate.
Dia(s) de Encerramento: Não encerraUm festim para a imaginação
Os românticos do século XIX buscavam incessantemente a sugestão de evasão, no tempo e no espaço. Procuravam-na, sobretudo, na arte – a literatura, a pintura, a arquitectura e, como no caso dos jardins de Monserrate, a botânica.
Criar um espaço que surpreendesse constantemente os seus visitantes, que os remetesse para sítios longínquos e tempos idos, que despertasse a imaginação e provocasse constantemente curiosidade, vontade de ir mais além: eis a receita de Sir Francis Cook para o parque que já inspirou tantos versos. E, igualmente, para a reconversão do palácio que ali havia sido deixado um século antes deste inglês ter adquirido a propriedade sintrense, o que fez em 1860.
Agora, depois de 50 anos de encerramento ao público, o palácio volta a abrir as suas portas a quem o queira visitar. Parcialmente, é certo, uma vez que ainda existem alas sob intervenção. No entanto, o que está à vista é mais do que suficiente para nos deslumbrar.
Pelos caminhos de Monserrate
Fizemos a visita da parte da tarde. O céu estava praticamente limpo e a folhagem das mais diversas árvores filtrava a luz do sol, criando quadros absolutamente cinematográficos.
Em frente à entrada do Parque de Monserrate encontra-se o Centro de Atendimento ao Visitante, um espaço destinado a prestar informações e a vender alguns artigos, pequenas lembranças da passagem por ali. Às 15 horas em ponto, começamos a nossa visita, guiada pela bióloga Ana Margarida, que fala das plantas ou das pessoas que por ali passaram com um entusiasmo igualmente contagiante.
O caminho é sinuoso e o piso, por vezes, irregular. Convém precaver-se com calçado desportivo e roupa confortável. A primeira paragem faz-se frente a um arco composto pela sobreposição de pedras arredondadas, muito grandes e com um ar muito pouco sólido – mas é só o ar.
Chama-se Arco de Vathek, e foi assim baptizado por William Beckford, um milionário escritor inglês que terá vivido cerca de oito anos em Monserrate, os últimos anos do século XVIII. Vathek era o título de um dos seus romances mais famosos, e o arco terá sido a entrada principal de Monserrate antes de a propriedade ser murada. A cascata que se lhe segue também é da responsabilidade do escritor, que construiu represas artificiais para garantir a constância da queda de água, e voltaremos a encontrar marca sua no final do percurso pelo parque, no falso cromeleque que mandou erigir.
Depois de Beckford, Monserrate passou por mais de meio século de abandono. Lord Byron deu conta disso, aquando da sua passagem por Sintra, em 1809:
Aqui moraste, e aqui sonhaste ser feliz, Vendo ao longe a montanha: a beleza imutável. Agora, este local parece amaldiçoado: Teu palácio está só como tu próprio és só. (Childe Harold’s Pilgrimage, 1809).
Até que Sir Francis Cook, um abastado negociante inglês, arrendou a propriedade à família Mello e Castro, em 1856, acabando por adquiri-la quatro anos mais tarde. Escreveu-se assim a primeira linha do capítulo Romântico de Monserrate.