O Museu da Electricidade oferece quatro programas ao visitante. A fruição do seu edifício monumental, património classificado, a visita à antiga central térmica cuidadosamente conservada, a descoberta e experimentação interactiva da electricidade e das energias renováveis e o acesso às exposições temporárias de arte.
Dia(s) de Encerramento: Segundas1 Janeiro1 Maio25 de DezembroEnergia que gera arte
Depois de longas décadas a iluminar Lisboa e arredores, a Antiga Central Tejo é agora um espaço único onde a arquitetura do ferro, a tecnologia e a cultura funcionam em circuito livre. Da praça do carvão à zona de exposições, com passagem pelas salas dos cinzeiros ou do experimentar há muito para aprender, brincar e refletir. Desligou-se o fornecimento de luz, passou a brilhar a arte e a ciência.
Não é por acaso que a visita ao Museu da Eletricidade arranca na praça do carvão. Este amplo terreiro ao ar livre marca o início simbólico de um longo e intricado processo que começava com o descarregar desta rocha combustível e só culminava em forma de quilowatts nas casas e ruas lisboetas. Enquanto a Central Tejo laborou (de 1909 a 1972) a praça armazenava autênticas montanhas de carvão, oriundo maioritariamente da Grã-Bretanha e transportado de barco até ao complexo industrial, estrategicamente situado à beira Tejo, em Belém.
A entrada no museu faz-se pelo edifício das caldeiras de baixa pressão (o primeiro a ser construído) onde o carvão era queimado lentamente a 1200 graus, temperatura superior à do interior de um vulcão. Das 11 máquinas originais não sobrou nenhuma (apenas os silos e a conduta de vapor) por isso esta zona foi transformada numa grande área de exposições, que iremos conhecer no final da visita. Para já seguimos para a vizinha Sala das Caldeiras (de alta pressão) que passou a funcionar durante a época da II Guerra Mundial. Aqui sim, mantêm-se quatro imponentes caldeiras com cerca de 30 metros de altura, autênticos gigantes de ferro cheios de tubos que parecem tirados de um filme de ficção científica do século passado. As três primeiras ainda funcionam (parcialmente) mas é a última que mais se destaca ao desafiar os visitantes a entrarem no interior para descobrirem as suas entranhas.
Segue-se uma passagem pela zona de trabalho dos fogueiros, responsáveis por espalhar o carvão com grandes ferros que lhes queimavam a mãos por completo. Ainda mais difíceis eram as condições de trabalho no piso abaixo, conhecido por Sala dos Cinzeiros (para onde caíam as cinzas do carvão) ou Sala do Inferno, tão elevadas eram as temperaturas, muitas vezes a rondarem os 50 graus. Ao calor extremo juntavam-se ainda os fumos e as cinzas que minavam os pulmões dos trabalhadores, cuja esperança de vida raramente passava dos 40 anos.
À luz da ciência
Intervalando a componente mais industrial do museu, a Sala do Experimentar é uma das favoritas das crianças (e não só) graças aos mil e um jogos e módulos pedagógicos, enquanto ao lado fica uma sala de homenagem aos cientistas que contribuíram para os avanços tecnológicos da eletricidade. Não será fácil tirar os miúdos daqui por isso tente convencê-los com as curiosidades que se seguem na Sala da Água (as caldeiras utilizavam água da rede pública tratada) e na Sala das Máquinas, repleta de tubos de várias cores consoante o fluido (vapor seco ou húmido, água, etc) que circulava no interior.
A dois passos dali está a Sala dos Condensadores, onde o vapor era transformado em água, bem como duas inesperadas áreas de exposições, uma para mostras temporárias (a Sala Curto Circuito) e outra dedicada à exposição permanente Rostos da Central, que dá a conhecer fotos e vídeos de antigos trabalhadores. Entre eles encontram-se algumas crianças (utilizadas por exemplo na limpeza das condutas de água) já na época que a idade mínima de trabalho era os 12 anos.
Subindo mais um lanço de escadas chegamos ao “salão nobre” da antiga Central Tejo, a zona dos geradores (ou turboalternadores) que serviam para transformar a força do vapor da água em electricidade. Assim se fecha o ciclo da água mas não a nossa visita porque ali ao lado funcionam outros dois espaços dedicados aos mais novos: a zona de ateliês infantis (caso dos Não Acordes o Dragão, Carinhos Solares ou Eletroíman) e o Laboratório de Invenções, situado na antiga sala de Comando. Todas as atividades são gratuitas, a exemplo do que acontece, de resto, com as visitas guiadas ao museu, normalmente com cerca de uma hora de duração. No primeiro domingo de cada mês também há um percurso secreto em que os participantes podem circular por áreas habitualmente fechadas ao público, como os túneis (canais de admissão à água do Tejo) ou os andares superiores das caldeiras.
Arte em rede
A visita à antiga Central Termoelétrica do Tejo só fica verdadeiramente completa com uma passagem pela Sala de Exposições (na antiga sala das caldeiras de baixa pressão), a única que por vezes tem acesso pago. Um valor quase simbólico tendo em conta a qualidade das exposições que acolhe, caso da World Press Photo (todos os anos por volta de abril/maio) ou da 7 Mil Milhões de Outros que até fevereiro de 2015 dará a conhecer relatos de vida, sonhos e expetativas dos habitantes do nosso planeta.
Nos próximos anos o Museu da Eletricidade passará a ter a vizinhança de um novo e vanguardista edifício, literalmente debruçado sobre o Tejo, que servirá de morada ao Centro de Arte e Tecnologia da Fundação EDP. Mas a função da Central Tejo não se apagará. Ciência e cultura continuarão “ligadas à corrente” com a mesma energia de sempre.
2014-12-31