Obras recentes conseguiram, ao fim de séculos, libertar este antigo convento dos lodos e areias do Mondego. Devidamente restaurado pode ser visitado plenamente e tornou-se numa das grandes atracções da cidade. Fundado no século XIII trata-se de exemplar gótico mendicante, com toda a sua elegância simples e luminosidade. É um dos poucos que conserva a concepção espacial original do convento feminino. As constantes inundações, devido ao assoreamento do Mondego, obrigaram ao seu abandono e transferência para Santa Clara-a-Nova, no século XVII, junto com o túmulo da fundadora, a Rainha Santa Isabel.
Título: Salvo das águasFoi fundado e refundado e esteve submerso mais de três séculos pelas águas do rio Mondego que quase o arruinaram. A vida do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha não conheceu misericórdia ao longo dos tempos mas a sua História está a mudar. Após 14 anos de trabalhos, o monumento reabriu ao público em Abril de 2009, sendo finalmente devolvido à cidade de Coimbra.
As histórias da História
Mandado construir na margem esquerda do rio Mondego pela abadessa dona Mor Dias, o Mosteiro de Santa Clara ficou pronto em 1286, mas graves contendas que se seguiram levaram à sua extinção, 25 anos depois.
À época, a corte estava situada em Coimbra e dona Isabel de Aragão - mulher de D. Dinis que ficou para a História como a Rainha Santa - interessou-se pelo monumento a ponto de ordenar a sua reconstrução, pronta em 1314, bem como a edificação de uma igreja ao estilo gótico, consagrada 16 anos depois.
A traça do templo ficou a cargo do arquitecto régio Domingos Domingues, que trabalhara anteriormente no Mosteiro de Alcobaça, e ao seu sucessor, o mestre Estêvão Domingues, a quem coube a conclusão da igreja e a construção dos claustros, fornecidos pelo cano que trazia água da Quinta do Pombal, zona de caça real, actual Quinta das Lágrimas.
Mas o local onde o mosteiro foi levantado revelou-se uma má escolha e apenas um ano depois já o Mondego dava ares da sua presença alagando todo o espaço. Igreja e outras dependências monásticas foram sofrendo adaptações às cheias cíclicas através do alteamento do piso térreo e, inclusivamente, da construção de um andar superior.
No entanto, em 1677 todo o espaço é definitivamente abandonado e a comunidade de freiras que ali vivia há mais de 300 anos foi transferida para um novo convento no sobranceiro Monte da Esperança chamado de Clara-a-Nova. O antigo mosteiro foi rebaptizado tendo ganho, por oposição, o sobrenome de Velha.
Passaporte para a época medieval
Durante séculos era apenas visível a parte superior da igreja. Todavia, uma bombagem permanente das águas e uma ampla campanha arqueológica decorrida entre 1995 e 2000 permitiu trazer à luz do dia as estruturas do claustro e a parte inferior do templo, gastas pelo passar dos séculos e pela permanência do Mondego.