O Lagar de Varas do Fojo, datado de 1810, esteve em actividade até 1941, numa zona do Alentejo conhecida pela qualidade do seu azeite. Actualmente, funciona como núcleo museológico, onde se podem observar as tulhas e as antigas técnicas de fabrico do azeite, tradicionais da região, quando a produção ainda não recorria a máquinas. Este lagar é um dos raros exemplos de lagares de varas da Península Ibérica e a sua tipologia advém dos lagares romanos.
Dia(s) de Encerramento: SegundasAntigamente, era assim...
No centro histórico de Moura, sobre as antigas portas da muralha da vila, descobrimos um lagar comunitário de azeite dos primórdios do século XIX, mais exactamente do ano de 1810.
Naqueles tempos, quando a Revolução Industrial ainda era uma invenção excêntrica das terras britânicas, todo o trabalho era árduo e genuíno, resultando da força braçal. De vara na mão, homens e mulheres partiam para o campo para trabalharem na apanha da azeitona.
Os varões fustigavam vigorosamente as árvores com longa e fina cana, ao passo que as donzelas lá dobravam a coluna e apanham o fruto da oliveira. Sinergias coordenadas e equilibradas, nas quais cada um desempenhava uma posição específica na cadeia de trabalho de acordo com o sexo.
A selecção dos trabalhadores era feita pelo “manajeiro” que junto ao mercado municipal escolhia diariamente os homens mais fortes que estivessem dispostos a trabalhar no campo.
O azeite nosso de cada dia
Uma vez separadas das folhagem do chão e guardadas em cestas, as azeitonas eram transportadas para a vila. Chegado o produto fresco, armazenavam-se num lagar. Curiosamente, só em Moura chegaram a existir 26 lagares de azeite em finais do século XIX, apesar da população ser inferior à que existe actualmente. Ou seja, uma interessante estatística que demonstra a importância económica do azeite na região.
Já no lagar, as azeitonas eram depositadas nas tulhas e cobertas com sal, onde ficavam a fermentar por um período de dois a três dias. Além das tulhas dos proprietários, neste lagares também havia as tulhas para os pequenos lavradores depositarem ali a sua produção, para mais tarde recolherem a sua parte em géneros, ou seja azeite.
Nos dias de hoje até soa estranho que o azeite sirva de moeda de troca. Todavia é necessário recuar no tempo e perceber que as condições de vida de uma família naquela época eram de longe bastante piores que na actualidade e o azeite desempenhava um papel fulcral na alimentação.
Era a base de tudo, imprescindível para cozinhar e temperar, servia também de sucedâneo para diversos produtos como a manteiga. Ninguém tinha frigoríficos e não se usava manteiga, pelo que se barrava o azeite no pão.
2004-10-26