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Taberna Ó Balcão

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Inaugurada em outubro de 2013, a Taberna Ó Balcão propõe a partilha à volta da mesa: os sabores, as memórias e a tradição do que é ser português. Na taberna como em casa de amigos.

Ambiente e decoração: Rústico.
Dia(s) de Encerramento: Domingos
Especialidades: Lapas grelhadas; Hambúrguer Black Angus com batata doce frita; Coelho de escabeche; Molhinhos Ó Balcão; lentriscas; Ovos rotos; Rabo de boi com molho de vinho tinto e cebola confitada; Arroz de Lingueirão; Polvo à portuguesa.
Estacionamento: Não
Lotação: 40.
Necessidade de reserva: Aconselhável
Tipo de Restaurante: Portuguesa
Horário de Funcionamento: Das 11:00 às 24:00.
Acessibilidade de deficientes motores: Acessibilidade fácil
Área para fumadores: Não Fumadores
Morada: Rua Pedro Santarém 23
Código Postal: 2000 223 SANTARÉM
Tel: 243055883
Site: www.facebook.com/tabernaobalcao
Distrito: Santarém
Concelho: Santarém
Freguesia: Marvila

Taberna Ó Balcão - Santarém


Entre! Esta casa também é sua!


Ana Filipa Picoto

Quem é aficionado, provavelmente conhecerá Rodrigo Castelo de outras lides já que o escalabitano foi, durante 11 anos, forcado do Aposento da Moita. Foi com a mesma bravura que decidiu mudar de vida e enfrentar de caras um desafio que, era afinal, o sonho de menino – ter um restaurante. Em outubro de 2013, uma antiga taberna de Santarém ressurgiu de espírito renovado, trazendo à cidade uma tasca moderna mas onde as tradições, as velharias e as memórias se assumem como protagonistas incontestáveis. Bom, isso e os petiscos.

Viagens ao redor da mesa

Conta Rodrigo Castelo que a mãe lhe disse que aos seis anos já ele cozinhava. Cresceu de volta das panelas e dos tachos, a admirar os dotes culinários dos pais que, confirma o presente, haveria de herdar.

As viagens de infância eram feitas com um objectivo – conhecer restaurantes novos e provar pratos típicos dos lugares visitados. “Viajávamos ao redor da mesa!”, diz entusiasmado, lembrando ainda que a grande preocupação das férias feitas em família era sempre “Onde é que vamos jantar hoje?”

Quis a vida que o sonho de ser chefe fosse sendo adiado, sobretudo por uma incursão pelo setor farmacêutico onde trabalhou largos anos. Mas há destinos aos quais dificilmente se consegue fugir e aos 33 anos de idade rendeu-se às evidências e decidiu aperfeiçoar e “profissionalizar” o que lhe vai, há muito, na alma.

Tem tirado alguns cursos até porque possui uma necessidade inata de aprender. A cozinha, além de lugar de prazer, é também um laboratório onde estuda, experimenta e pratica. Pratica muito até porque “esta é a única forma de ser melhor”.

Haja barriga!

Na Taberna Ó Balcão não há carta. Quem quiser saber o que se come ali terá que espreitar o quadro de ardósia e debruçar-se sobre a difícil tarefa de escolher entre as quase quatro dezenas de petiscos à disposição. Todos eles foram recriados por Rodrigo Castelo mas sem nunca perder de vista as receitas tradicionais. “É possível recriar pratos, claro que sim, mas respeito sempre o princípio da receita e os ingredientes. Não há que inventar muito quando as coisas já têm qualidade”. Respeito é uma palavra que se ouve muito da boca do chefe, sobretudo quando se refere aos ingredientes que utiliza.

Abrimos, literalmente, o banquete com um queijo chèvre gratinado com mel, nozes e cebola confitada, acompanhado de umas torradinhas. Seguiram-se uns ovos rotos e umas lapas da Madeira grelhadas. Também desta ilha chega o bolo do caco que acolhe um suculento hambúrguer Black Angus, carne bovina de qualidade superior, originalmente da Escócia.

Avançamos, destemidos, para um coelho de escabeche e um dos pratos da casa – o Molhinho Ó Balcão. Iguaria ribatejana, é aqui servida recheada com bucho e guisada com grão. Outro dos petiscos também com muita saída são as lentriscas, entremeada cortada em fatias muito finas, macerada em limão e posteriormente panada.

Passamos depois para um arroz de lingueirão, uma receita que, segundo o chefe, leva meia dúzia de ingredientes e que tem vindo a ser aprimorada. Finalmente parece ter descoberto o arroz certo para o preparar, um carolino que compra a um pequeno produtor. Este é um prato que o enche de orgulho e que já chegou a receber elogios de algarvios de gema!

Terminamos a refeição com duas propostas que vão fazer parte da nova carta da Taberna Ó Balcão – rabo de boi (desossado) com molho de vinho tinto e cebola confitada; e um polvo à portuguesa, elaborado da mesma forma que a tradicional receita de carne à portuguesa mas feito com batata-doce.

A degustação proporcionada pelo chefe foi mais que convincente. Comida simples, feita com humildade e onde os sabores mais usuais nos são dados a provar com uma pitada de audácia e ousadia.

Por fim, o preço. Quatro pessoas, meia dúzia de petiscos, vinho da casa (de Alenquer) e pão rondará os 15€ a cada. Durante a semana, e apenas ao almoço, também há pratos do dia, um de carne e um de peixe. Depois, e até à chegada da noite, o espaço funciona como aquilo que é – uma taberna. Por isso, se lhe apetecer um copo de três e uma patanisca é só pedir ao balcão.

Histórias ó Balcão

O espaço onde hoje está instalada a Taberna Ó Balcão existe na cidade desde a década de 1940. Sempre foi tasca e teve vários donos até chegar às mãos de Rodrigo. Tudo foi remodelado, desde o chão ao tecto, passando pelo derrube de paredes de forma a abrir uma ampla janela que agora liga a sala à cozinha. Não há cá segredos, à excepção dos que se escondem nas receitas, até porque isto “é como estar em casa a cozinhar para os amigos”.

O nome da taberna foi escolhido por Ana, a mulher de Rodrigo, e o balcão em causa, generosamente revestido com azulejos trazidos de Estremoz, é, sem dúvida, a “pièce de résistance” de todo o espaço.

No resto da decoração pouco há de novo. Desde as mesas, às cadeiras, passando pelos candeeiros, tudo foi adquirido em feiras, lojas de velharias ou trazido de casa da avó. Objectos com alma e cheios de histórias. É fácil identificarmo-nos com as garrafas de refrigerantes que nos remetem para a infância, com os quadros publicitários de artigos de outros tempos, com os cortinados feitos de chita de Alcobaça, com a parede repleta de pratos de faiança.

Tudo isto faz parte do nosso imaginário e, a verdade, é que rapidamente nos sentimos em casa. Este é, aliás, o melhor elogio que podemos fazer aos donos da Taberna Ó Balcão.

2014-07-16
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