O espaço é amplo, luminoso, e cheio de glamour. Este é o local predilecto de muitos industriais, banqueiros, embaixadores, advogados e alguns políticos mediáticos. Toda a comida é feita por ingredientes frescos, começando pelas saladas, queijos ou os vegetais cozidos. Ao almoço opte pelo serviço "buffet", onde encontrará a sopa do dia, o peixe fresco para além das duas especialidades diárias do chefe, ao jantar escolha uma das muitas maravilhas confeccionadas pelo chefe no serviço "a la carte".
Dia(s) de Encerramento: Não encerraO Hotel Ritz, sem dúvida o marco da hotelaria lisboeta, soube manter desde os anos 50, data da sua construção, o requinte e o ambiente que continuam a fazer dele o local de eleição do jet set internacional. Dos negócios à política, da música aos mais altos dignatários das monarquias de todo o mundo, é no Ritz que ficam quando vêm a Lisboa. A mudança para a cadeia Four Seasons, com a abertura de várias lojas e algumas modificações no bar não quebraram ao velho Ritz o charme único que protagoniza. A partir do momento em que a porta da entrada é aberta, é num mundo de calma e de luxo que se entra. Passada a emblemática sala onde os extraordinários arranjos de flores contracenam com a colecção das tapeçarias de Almada, o restaurante Varanda é uma escolha de respeito. A sala, imensa, decorada com o luxo discreto do conforto, abre em vista sobre o verde do Parque Eduardo VII. Do almoço para o jantar muda radicalmente. Durante o dia, o buffet mais conhecido de Lisboa, é animado por uma imensa clientela onde predominam os advogados e os homens de negócios de sucesso em paralelo com caras conhecidas da política e da banca. Na mesa central, em simultâneo com o serviço também possível à carta, procuram uma escolha única na sua variedade e qualidade.
À noite a perspectiva é outra.
A iluminação discreta da sala cria um ambiente cosy onde o cuidado de profissionais de primeira trata de clientes exigentes. E com razão. O responsável pela carta é o Chefe Executivo do Hotel, um francês com o trunfo da experiência de três estrelas da Michelin do La Côte D’Or e George Blanc. O seu novo chefe de restaurante, Sebastien Grospellier, tem a experiência adquirida com os grandes Bernard Loiseau e Henri Roux também estrelados da Michelin. Responsabilidade conjunta com provas bem dadas na prática. De uma lista onde se misturam origens portuguesas com sabores mediterrânicos e criações de teor mais internacional, é ponto relevante da oferta a preocupação em manter a essência da natureza dos produtos utilizados, complementando-os entre si com equilíbrio elegante.
Das múltiplas hipóteses, foi pelo menu a que chamam Table D’hôte que se optou, por conter a essência representativa da arte culinária dos chefes. E não se pense que é incomportável o preço praticado.
Tendo em conta o que se passa pela restauração da cidade de Lisboa, duas entradas, um prato principal, uma sobremesa, café e “mignardises”, sem vinhos, por 54.50 euros, com a qualidade e o requinte do Ritz não é nada que espante. E é experiência que não se esquece. A acrescentar já agora os vinhos, sugestão do escanção de serviço que completam a excelência da ementa. Com dois, 65.50 euros. Com quatro, 76.50 euros.
Fica também uma nota para a recuperação que o hotel tem vindo a fazer do seu serviço de origem. As elegantes flutes de champagne com a marca do Ritz gravada voltaram a dar um toque especial às mesas, o próprio serviço de pratos debruado a dourado fez-se completar pelos acessórios mais variados adaptados às novas interpretações da cozinha, dando-lhe um toque de modernidade dentro da mesma linha de marca.
Os hors d’oeuvres, uma pequena graça a abrir, são um bom exemplo do que se segue, que foi, no dia escolhido, fora do menu, uma entrada de carpaccio de tamboril, cortado à finura extrema da transparência com aroma qb de caril e uma mousse leve de sapateira. Um extra a que se seguiu, agora dando inicio ao menu, o parfait de lavagante e funcho, crocante de cereais e vinaigrette de marisco, outra amostra sofisticada, ambas bem complementadas pelo champanhe rose brut da Ruinart. Ainda com o estatuto de entrada, o filete de salmonete, de uma frescura e firmeza de textura assinaláveis, salteado com azeite virgem e puré de ervilhas e molho de fígado, onde a compota de cebola se fez notar, assim como a apresentação do prato, cromáticamente uma declinação de verdes e laranjas. O vinho seleccionado, Quinta de Pancas, reunia nas duas castas, Chardonnay e Arinto, paradigma da cozinha do Varanda, o complemento indicado às duas componentes do prato. Do prato principal optou-se pela carne, a sela de borrego panada com ervas frescas. Revelou-se uma excelente maneira de tratar borrego apresentando um resultado leve e elegante baseado em carne de primeira qualidade onde a ausência de gordura lhe confere toque internacional. Acompanham um croquete de polenta com azeitonas e terminando a sequencia de verdes, puré de salsa e chalota. À sobremesa surpreendeu a mousse de morangos, um detalhe rosa escondido no crocante de nougatine e o carpaccio, agora de beterraba, mais uma vez de extrema finura, na conjugação da acidez necessária com os morangos em mirepoix, com o aroma verde da hortelã. Prova de leveza e requinte. É assim justificada a escolha do Varanda, a prova inequívoca da existência do Hotel como lugar gastronómico.
2006-06-21