Localizado junto ao mar, na praia da Arrifana, uma das mais emblemáticas da Costa Vicentina, tem para oferecer uma grande variedade de sabores. O peixe sempre fresco, os percebes, a picanha na grelha, os petiscos típicos portugueses (como o polvo suado, a feijoada de choco, a moreia frita...), as saladas com produtos sempre frescos, os crepes (salgados e doces) e as sobremesas caseiras. A acompanhar, a vista deslumbrante e os aromas marítimos.
Acessos: Mesmo acesso que à praia da Arrifana conhecida pela sua íngreme descida. O restaurante fica um metros antes de chegar à praia à direita.Visto de longe, lá de cima, o que se pensa é mesmo no esforço que vai ser regressar, subir aquela colina onde é raro encontrar lugar para estacionar. Valerá a pena descer tanto — e depois subir, a pé, que esse é que é o problema — por causa de uma praia e de um restaurante?
Só quem nunca desceu até lá abaixo é que pode duvidar de quanto recompensa descer até à praia da Arrifana.
A praia propriamente dita, areal e mar, é uma estreita linha — que se alarga bem quando a maré desce — entalada entre a água e uma falésia às vezes castanha, às vezes negra. Imponente sempre. O mar é tranquilo para nadadores; mas com ondas, para alegria da multidão de surfistas que se espalham por ali, mais no mar do que em terra, diga-se.
Antes de pôr os pés na praia podem-se subir os degraus do restaurante e fazer logo alguns preparativos. Para almoço pode ser um dos crepes salgados. O vegetariano, por exemplo, apesar do nome, enche um estômago, por mais exigente que ele seja. Além disso, aproveita-se para saber que peixes foram pescados de madrugada, e reserva-se já o que for preciso. Tipo esperem aí que eu venho já.
Umas horas depois vêm-se mesmo. O corpo a saber a sal, a mesma roupa da praia, e mais uma camisola para quando começar aquele frio que a costa vicentina tem depois do sol se pôr. A propósito de pôr-do-sol — há uns loucos que quando o começam a ver baixar zarpam para o cimo da colina, e dali para o fim da Arrifana, junto a um promontório com uma ruína, de onde a vista é magnífica. Pode parecer um excesso de zelo, até porque o sol se põe todos os dias, mas quem já lá foi de propósito ver o dia acabar ali, sabe que a corrida é justificada.
Voltamos ao restaurante da praia. O João Pedro, um dos donos do restaurante, dá-se ao luxo de viver metade do ano ali e a outra metade em Pipa, no Brasil. O ano inteiro entre o surf e o peixe fazem do rapaz um especialista em tratar bem destes assuntos. Claro que as habilidades com a prancha não interessam tanto para o caso, mas o resto — peixe, grelhas, caipirinhas e outros prazeres de Verão — isso sim são para usar e abusar.
Na esplanada coberta por canas, escolhe-se uma das mesas, todas dispostas de maneira a que só um cego não veja o mar. Para começar, rende-se a devida homenagem ao Brasil em forma de caipirinhas. A quantidade é a que cada um achar que pode e deve. Depois, percebes. Se houver, são garantidamente frescos, e por vezes gigantes. Como sabe quem frequenta estas costas mais a sul, o mais vulgar é eles virem ainda quentes para a mesa. Quem não gosta, ou espera que arrefeçam, ou manda passá-los por água fria. Tanto faz. Basta pedir por favor, que aqui o serviço é bom. Descontraidamente bom. É outra das vantagens de haver gente com sotaque brasileiro.
Vem então o peixe que se pediu à chegada, acompanhado de belas batatas cosidas com casca, que é como devem ser cosidas as batatas. Depois, mais um crepe. Agora doce. De chocolate e côco, para insistir na homenagem ao Brasil. E então fica-se assim, o tempo que se conseguir, a ver aquela baía mansa, onde há quase sempre um veleiro a fazer inveja a quem tem vontade de dar a volta ao mundo.