No restaurante da Herdade do Esporão sobressaem a simplicidade dos sabores, a sazonalidade e a frescura dos ingredientes. Propõem uma cozinha exclusiva, em harmonia com a natureza, aliando modernidade e tradição. As raízes ancestrais da gastronomia do Alentejo cruzam-se com uma abordagem contemporânea.
O espaço reabriu no início de 2018 com uma nova filosofia, menos assente na cozinha de autor, e três chefes à frente da cozinha: Carlos Teixeira (da anterior equipa de Pena Bastos), Bruno Caseiro e Filipa Gonçalves.
Um projecto com pés e cabeça
Numa das saídas de Reguengos de Monsaraz encontramos uma placa a indicar o caminho para a Herdade do Esporão. Avançamos e cruzamos o portão que dá ares de arco setecentista ainda que não o seja e pasme-se: as vinhas estão em todo o lado!
São extensões quase infinitas de campos verdejantes que logram resistir ao calor abrasador do Verão alentejano. Tudo graças ao moderno sistema de rega que automaticamente vai debitando as gotas necessárias em cada pé de vinha para que a produção seja optimizada.
Ao todo, estamos rodeados por 600 ha de área plantada, que se dividem em cinco qualidades diferentes. Esporão, Perdigões, Rusga, Palmeiras e Monte, que por sua vez se repartem em castas tintas e brancas que são combinadas entre si para originarem os vinhos da herdade.
E para que o sabor e qualidade se mantenham apurados, uma pequena parcela de vinha foi destinada ao campo ampelográfico onde os enólogos testam permanentemente novos vinhos e aromas.
Este é o primeiro impacto que se tem assim que se entra no Esporão, uma herdade bem mais antiga do que possamos imaginar. Na realidade, os seus limites foram fixados no ano de 1267 e desde essa época que permanecem mais ou menos idênticos.
Como testemunhos, três marcos importantes resistiram à erosão do tempo. O arco, a Ermida de Nossa Senhora dos Remédios com os frescos da capela-mor e a torre, emblema que surge nos rótulas das garrafas, assumida como logotipo institucional da marca Esporão.
A adega e as caves
É nesta parte da unidade de produção que são recebidos e moídos os cachos de uvas que irão ser transformados em mosto. Porém, já não se usam os lagares como antigamente, quando após a vindima os homem pisavam o vinho em festa e romaria. Agora são poderosas mós em forma de parafuso que espremem toneladas de cachos quase em simultâneo em apenas poucos minutos.
A adega, construída em 1987, continua ainda a ser uma das mais modernas da Europa. Enormes recipientes que armazenam alguns milhares de litros de mosto em estágio de fermentação. Após esta fase, o vinho é transferido para o estágio em barricas de madeira, localizados na cave.
A cave do Esporão apresenta uma enorme galeria em cimento em forma de abóbada, com uma extensão superior a cem metros. Nela, repousam um sem número de pipas alinhadas em filas paralelas. Dentro conservam milhares de litros desse líquido precioso que será mais tarde engarrafado.