Tem uma localização ímpar, com a Cova da Beira a perder de vista. O serviço é feito à carta, ainda que, com a casa cheia, quando a neve mantém toda gente dentro de portas, optem por servir buffet. A ementa marcadamente regional cruza elementos de cozinhas de outras paragens, tanto portuguesas como internacionais. Uma vez por mês, há jantares enogastronómicos, em que os vinhos são escolhidos um por um, para destacar o sabor de cada prato.
Acessos: EN 339O toque fresco das ervas aromáticas junta-se ao zimbro e à carqueja, reinventando os pratos da serra. O chefe é beirão mas cruza sabores de outras paragens, a dar destaque aos produtos locais.
É inevitável, não importa onde nos sentemos. A piscina tem um poder de atração inquestionável, suspensa nas alturas, com a Cova da Beira a estender-se bem lá no fundo. Mas não desafia a mergulhos, que o outono avança no calendário e as temperaturas condizem com a altitude. Sabe bem a proteção de um ambiente aquecido, onde o contraste é grande em relação à simplicidade exterior.
Os tons de vermelho e prata dão um toque de formalidade ao restaurante, onde a música marca o ritmo tranquilo das refeições. Agora há novos motivos de descoberta na ementa, com a chegada do chefe João Hipólito. Primeiro neste espaço, seguindo-se depois o Restaurante Nave da Areia, do Hotel Serra da Estrela, uns quilómetros acima.
É como se voltasse às origens. Ele que é de S. Vicente da Beira, entre o Fundão e Castelo Branco, conhece bem os sabores locais. E cá estão com o devido destaque, ainda que com nova roupagem, cogumelos da região, queijo da serra, requeijão, truta do Zêzere, cabrito e também cerejas, além de zimbro e carqueja.
Discípulo de Luís Baena, um dos grandes mentores da dita cozinha molecular (o termo desagrada a muitos profissionais), parece agora estar nos antípodas. Mas não é tanto assim. "Temos de perceber o contexto onde estamos", diz João Hipólito, não significando porém que tudo fique na mesma. "Parto das receitas tradicionais, mas introduzo alguns ingredientes que não lhes são comuns, sem que o resultado final possa chocar os mais tradicionais."
O bacalhau com migas de broa ou o cabrito assado com batata corada e castanhas mantêm o seu lugar cativo, mas há também margem para cruzamentos inesperados. As vieiras salteadas com barriga de porco fumada, salicórnia e manteiga de zimbro são um bom exemplo de propostas mais desafiantes. E, nos jantares de degustação mensais, com prova de vinhos, João Hipólito vai poder brincar com as técnicas modernas de que tanto gosta, num ou noutro apontamento.