Da marina de Setúbal parte-se em direcção a Tróia, no outro lado do Sado. Antes, ainda no estuário do rio, declarado reserva natural, a grande atracção são os golfinhos. Vinte e oito diz quem sabe e está habituado a navegar por estas águas. Ainda assim, menos do que há alguns anos.
Alguns barcos de recreio, utilizados especialmente para o efeito, tentam aproximar-se o máximo possível. Uma tarefa facilitada quando a maré está baixa, altura em que estes mamíferos vêm à superfície à procura de comida. Mesmo assim, nem todos têm o privilégio de ver os seus saltos. Há quem passe dias consecutivos à procura, e nada. É necessário sorte e alguma perícia dos comandantes. As infernais motos de água de água e os barcos são cada vez mais, e ao ouvir o barulho dos seus motores os golfinhos fogem, compreensivelmente assustados. Por isso mesmo, o segredo é desligar o barco e esperar. Costuma dar resultado.
As praias da Arrábida
Fascinados com os golfinhos, quase nem se dá pela aproximação a Tróia, na margem esquerda do rio. O calor começa apertar e vontade de um mergulho é mais que muita. Contudo, e apesar da distância, o melhor é seguir em direcção ao Portinho da Arrábida. Durante o percurso encontram-se várias praias, uma mais desertas que outras. Vale a pena parar o barco numa delas e ficar por aí. Dá para apanhar sol, e quem sabe nadar até à areia.
Mais à frente, em plena Reserva Natural da Arrábida, começam as baías envolvidas por falésias que se estendem por quilómetros de costa. Uma bonita paisagem natural, marcada pela ausência da mão do homem, e somente ao alcance de um barco. O movimento é por isso muito menor. Apenas alguns barcos que ficam por aqui o dia inteiro. O cenário é perfeito e parece retirado de um qualquer filme rodado nas paradisíacas ilhas das Caraíbas. Até as águas são transparentes, o que convida, melhor, obriga a refrescantes banhos.
Almoço em terra firme
O almoço está marcado para Sesimbra, cerca de 15 quilómetros depois da partida em Setúbal. No porto encontram-se enormes navios de pesca atracados por todos os lados. Largue o barco por algumas horas e vá almoçar a um dos muitos restaurantes desta vila piscatória, conhecidos, claro, pela qualidade do seu peixe. Depois de almoço, e de regresso ao ponto de partida, aproveite para dar mais alguns mergulhos. Ou aproveite para algumas acrobacias em ski aquático. O lado do rio é o melhor. Pouca ondulação e águas quentes. O mais desagradável são as alforrecas de dimensões descomunais. Que seja. Vista-se um fato e faz de conta que elas não estão lá. No dia seguinte o programa não será muito alterado. Escolha o local que mais gostou no dia anterior e aproveite para fazer um dia de praia, diferente daqueles a que está habituado. Convém não esquecer pelo menos um aperitivo, para dar ares de quem vive sempre assim, rodeado de água por todos os lados, sem ser numa ilha. E agora as boas notícias. Este é um passeio que não é exclusivo a pessoas que tenham barco. Alugar um durante o fim-de-semana é uma boa solução, e em Setúbal existe uma empresa, a Nautiferreira, que trata do assunto. O resultado não poderia ser melhor. Nem mesmo o facto de não ter carta de marinheiro, que possibilita guiar o barco, poderá servir de impeditivo. A Nautiferreira trata mesmo de tudo, inclusive de arranjar um comandante para o seu fim-de-semana.
2001-07-18
