Café centenário, desde o início do século XX que serve quem passa pela Baixa lisboeta. É um dos poucos edifícios de Arte Nova e mantém a mesma aura e os mesmos traços arquitectónicos, desde 1907 até à data. O autor da obra foi o arquitecto Domingos Pinto, sendo o revestimento em azulejos azuis e brancos da responsabilidade de Jorge Pinto. No interior do espaço, predominam os azulejos onde estão representadas vacas, em homenagem à classificação de leitaria que sempre acompanhou a casa. É um dos poucos locais em Lisboa onde pode encontrar as famosas queijadas de Sintra.
Dias de Encerramento: DomingosJá há muitos anos que o músico fala sobre uma camponesa “sem campo, sem quintal, que canta debruçada ao sol da seara”. Mas foi há bem mais tempo que a leitaria A Camponeza abriu as portas na capital. Um dos poucos edifícios de Arte Nova, da autoria do Arquitecto Domingos Pinto, desde o início do século XX que anda a servir bicas a quem passa na Rua dos Sapateiros. Esteve parada durante um ano a remodelar-se mas na passada quarta-feira reapareceu de cara lavada para dar ainda mais brilho à Lisboa que já não é menina e muito menos moça...
Um passado tão presente
Casa típica que se preze tem azulejos, azuis e brancos, de preferência. Mas nem todas têm exemplares com cerca de cem anos. Pois bem, A Camponeza tem e assinados por Jorge Pinto. E não se fica por aqui: os pés de mesa e os candeeiros são centenários e até os rodapés são os mesmos de quando José Domingos Diogo (nome inscrito no interior do espaço), familiar dos actuais proprietários, pegou no espaço. Isto há quase um século.
De lá para cá, o IPPAR deixou mudar pouco e nas alterações efectuadas teve sempre uma palavra a dizer. E apesar de já lá ir o tempo em que o leite vinha em bilhas, coisas há que nunca mudam, como as vacas representadas nos azulejos. Modificou-se o balcão (e ainda bem, porque o antigo era de inox e o novo é de madeira) e as gerações da família foram-se sucedendo, mas a aura permanece a mesma e está para ficar. Por isso se percebe que ainda que já não se use a máquina de café de saco, ela ainda esteja na montra a lembrar os tempos que já lá vão. Esta Camponeza tem história e carisma. Não é à toa que Rui Zink a referiu nos seus romances ou que João César Monteiro a filmava nas obras em que queria mostrar a Lisboa genuína. E se Vitorino e Janita lá paravam nos tempos de estudantes, porque não havemos nós de lá parar também?
2008-04-30