Na antiga Rua das Fangas, em pleno centro histórico de Coimbra, nasceu o Fangas Mercearia Bar, um espaço acolhedor que convida a provar grandes vinhos e petiscos com assinatura, preparados com os melhores produtos portugueses.
Serve petiscos como enchidos e queijos, tostas de queijo da serra e presunto, batatas ou tomates recheados (especialidades da casa) e bolos ou doces caseiros.
Petiscos na medida certa
As fangas, antigas lojas e medidas de cereais, deram nome a esta casa coimbrã que dá a provar refeições com assinatura e vinhos exclusivamente nacionais. Doses ligeiras e bem portuguesas, servidas numa sala pequena mas com sabores que não se medem aos palmos. Na cidade do conhecimento há pitéus com a escola toda.
Com séculos e séculos de história a apertada Rua Fernandes Tomás chamou-se em tempos Rua das Fangas, nome dado às medidas de cereais (correspondente a quatro alqueires) e às lojas que os vendiam nesta zona, já referenciadas no foral da cidade de 1516. Quase 500 anos depois o termo foi recuperado por Luísa Lucas e Marcos Inácio, jovem casal que no final de 2009 abriu o Fangas Mercearia & Bar.
No local antes ocupado por uma mercearia à moda antiga nasceu outra mais moderna e sofisticada que apostou inicialmente na venda de vinhos e produtos gourmet nacionais. Como os clientes queriam prová-los ali mesmo decidiram aumentar o número de mesas mas o espaço reduzido apenas permitiu pouco mais de meia dúzia. Mesmo assim o que se perdeu em área de exposição ganhou-se em lugares sentados (são agora 24), oferecendo mais protagonismo aos petiscos e às refeições ligeiras.
Esta casa é um livro aberto
Remodelada pelo arquiteto Carlos Lucas (irmão de Luísa) a sala junta elementos contemporâneos, caso do papel de parede com casas estilizadas, a peças vintage e mobiliário retro, como os dois móveis brancos que servem de montra aos produtos da mercearia. Conservas, compotas, pastilhas Gorila, sombrinhas Regina e outros artigos revivalistas apelam à memória dos portugueses e desafiam os turistas a descobrirem o sabor da tradição lusa.
A decoração privilegia os objetos discretos mas com significado, com especial destaque para um exemplar emoldurado do romance Fangas, escrito por Alves Redol. Junto a ele uma estante cheia de livros convida os clientes à leitura (porque nenhum se lê em poucas horas) e a um regresso que desvenda novos capítulos. Lá fora, a rua não podia ser mais castiça (nem sequer falta uma taberna nas redondezas) mas o interior é um misto de charme e intimismo que veio trazer um toque de sofisticação à Alta de Coimbra.
O ambiente reflete este conceito mais arrojado até porque, ao contrário de muitos bares e restaurantes de Coimbra, no Fangas não são os estudantes que ditam regras. Além dos turistas, a casa é frequentada sobretudo por uma faixa etária acima dos 25/30 anos, clientes mais exigentes e com melhor poder de compra que procuram um espaço mais tranquilo e recatado, ligeiramente afastado do corrupio do Quebra Costas.
O Portugal dos (pratos) pequenitos
Os produtos e sabores tradicionais portugueses têm honra de destaque na (longa) ementa, a começar pelo pão, salpicado com azeite, orégãos ou alecrim. O mesmo acontece com os queijos (o da serra da Estrela surge à cabeça) e com o fumeiro, que vai do chouriço tradicional assado à alheira de Mirandela assada. Entre os pratos frios merecem honras de destaque a beterraba com molho de iogurte e o requeijão com mel ou doce de abóbora.
Quanto aos quentes, voltam a sobressair várias reinterpretações, como o pimento recheado com farinheira, a tarte de morcela com puré de maçã, o pudim de legumes ou os cogumelos com queijo mole, segurelha e pimenta. Pitéus rápidos e relativamente simples mas idealizados com critérios por Luísa Lucas e confecionados pela cozinheira Maria Portela. As conservas de peixe, tão na moda, também não podiam faltar e aqui estão bem representadas com a sardinha sem pele e sem espinhas em azeite, as enguias em molhos de escabeche picante e os filetes de truta fumados em azeite.
Os mais indecisos poderão sempre optar pelo Misto 4 Sabores, que dá a provar um quarteto de pitéus selecionados por 12,90€. Os outros petiscos (a casa aconselha cada cliente a pedir pelo menos dois pratinhos) variam entre os 4€ do picadinho de feijão aos 15,70€ das ovas de sardinha. No final guarde um cantinho no estômago para as sobremesas, como o doce da casa – chocolate, noz e vinho do Porto -, o doce de ovos com amêndoa ou a delícia de frutos silvestres.
A carta de vinhos, com cerca de 40 referências (entre tintos, brancos e espumantes) também marca o caráter diferenciador do Fangas já que a casa aposta em produtores e néctares menos conhecidos do grande público, todos nacionais. Douro, Dão, Bairrada e Alentejo são as regiões mais representadas, com preços (a garrafa) entre os 10€ (Terras do Sado branco) e os 20,80€ (Quinta de Sães Tinto; estágio prolongado). Todos os vinhos também são servidos a copo.
O Fangas vai crescer
Mesmo em tempos de crise o Fangas tornou-se um caso de sucesso mas o espaço é curto para todos os interessados (convém reservar mesa) por isso foi preciso encontrar uma solução: outra sala, num edifício vizinho, com abertura prevista nos próximos meses. O Fangas Maior, assim se chamará está área, será ideal para grupos e para os novos turistas que a declaração de Património Mundial trará à cidade. Para eles haverá sempre um cantinho nesta viela coimbrã.