O Núcleo Naval do Ecomuseu abriu ao público em 1984, num antigo estaleiro naval da freguesia de Arrentela, que ali funcionou até ao final da década de 70 do século XX. O edifício foi entretanto remodelado para receber uma oficina de construção artesanal de modelos de barcos do Tejo, inaugurada em 1993, e um pavilhão de exposições, alvo de uma requalificação arquitetónica e museográfica da responsabilidade do arquiteto Cândido Chuva Gomes.
Na oficina de barcos, artífices ocupam-se da construção e da reparação de modelos, executados à escala a partir da reprodução de planos adquiridos no Museu da Marinha ou de planos originais de embarcações do Tejo. Quem visita o Núcleo tem uma oportunidade única de contactar com os diversos barcos tradicionais que costumavam preencher o estuário do Tejo.
No Núcleo está ainda patente a exposição Barcos - Memórias do Tejo, onde é possível ver e ouvir as imagens e os sons mais característicos da construção naval, uma forma de transmitir a memória dos antigos estaleiros do Rio Judeu, à beira do Tejo. Estão também expostos vários modelos de embarcações tradicionais, complementadas por diversos apoios audiovisuais.
Transmite a memória do lugar, exibir e interpreta o património flúvio-marítimo do estuário do Tejo e aplica e comunica as técnicas artesanais de construção de modelos de barcos para a valorização do património náutico.
Partida
No cais do Seixal, perto do jardim há gente que se reúne para ver, outros para participar. É fim-de-semana e por isso o Amoroso e o Baía do Seixal vão passear uma vez mais pelo Tejo. Mas como vem sendo hábito, não vão sós. Levam consigo a tripulação e algumas dezenas de pessoas. O Amoroso, um varino (tipo de barco) com 24 metros de comprimento, tem capacidade para oitenta pessoas. Cabem todos, entre familiares, amigos e conhecidos, que aproveitam uma tarde de sábado ou domingo, para navegarem no Tejo. E pelo preço nem se hesita. São três horas de passeio de barco a 2.50 € por pessoa. Quase de graça.
Saudades do rio
Tal como os horários de partida e de chegada, também o destino do passeio é alterado conforme as marés. Navegando pelo chamado Mar da Palha, avista-se as duas pontes, a 25 de Abril e a Vasco da Gama e já cá mais perto, o Cristo Rei. Arriscando outras paragens por esse Tejo fora, chega-se bem pertinho de Lisboa, lá mais para os lados do Cais do Sodré, para ver de perto e para recordar, ou noutros casos imaginar, como seriam os tempos em que não existia a Ponte 25 de Abril, antiga Salazar. Naquela época, pessoas e carga atravessavam o rio em barcos. Até a cortiça, quer seja na forma de matéria-prima (para as fábricas da região), quer seja como produto já acabado a fim de ser comercializada, era desta forma transportada. Mas essas alturas ficaram lá atrás, presas à História. Actualmente estas embarcações (um varino e um bote de fragata), que fazem parte da grande família de barcos do Tejo (onde se incluem as faluas), apenas transportam passageiros.