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Centro de Recuperação do Lobo Ibérico

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O Centro de Recuperação do Lobo Ibérico (CRLI) foi criado em 1987, pelo Grupo Lobo, com o objectivo de providenciar um ambiente adequado para lobos que não possam viver em liberdade e, ao mesmo tempo promover acções de divulgação e sensibilização que informem o público sobre a verdadeira natureza do lobo. O CRLI situa-se na freguesia do Gradil, no concelho de Mafra, a cerca de 30km de Lisboa. Anualmente, o Centro é visitado por cerca de 6.000 visitantes, principalmente alunos provenientes de escolas e outras instituições privadas e estatais. O CRLI possui um Programa de Voluntariado acessível a pessoas maiores de 18 anos e interessadas na conservação da vida selvagem, que permite a participação nas actividades diárias, incluindo a alimentação dos animais e a manutenção de toda a área do Centro; e um Programa de Apadrinhamento de lobos residentes no CRLI, que pretende envolver a sociedade civil num projeto de conservação de uma das espécies mais emblemáticas da fauna portuguesa.

Acessos: A8 > Mafra/ Malveira > EN8 (seguir indicações)
Dia(s) de Encerramento:
Horário de Funcionamento: Sábados, domingos e feriados. Inverno (outubro até abril): 1ª visita - 15h | 2ª visita* - 16h30; Verão (maio até setembro): 1ª visita - 16h00 | 2ª visita* - 18h
Observações: *NOTA: as visitas bilingue só se realizam no segundo horário e são apenas efetuadas em português e inglês.
Serviços: Loja (não dispõe de multibanco), Parque de merendas
Título: Conhecer o verdadeiro lobo
Informação acessível: Visitas guiadas
Morada: Quinta da Murta, Picão
Código Postal: 2665 150 GRADIL
Tel: 261785037
E-mail: crloboiberico@ciencias.ulisboa.pt
Site: www.grupolobo.pt
Distrito: Lisboa
Concelho: Mafra
Freguesia: Gradil

Centro de Recuperação do Lobo Ibérico – Mafra


Um santuário para descobrir a natureza do lobo


Nelson Jerónimo Rodrigues

Há mais de 25 anos que o Centro de Recuperação do Lobo Ibérico é um abrigo seguro para esta espécie ameaçada em Portugal. Vizinho da Tapada Nacional de Mafra, este espaço único na península dá a conhecer a verdadeira essência do lobo, sem exibicionismos e num habitat próximo do real. Esqueça os contos da avozinha e venha descobrir um refúgio onde não entram histórias do lobo mau.

Perseguido por uns, temido por outros, respeitado por quase todos, os lobos sempre fizeram parte do imaginário de crianças e adultos, mas em Portugal não restam mais de três centenas em liberdade. A maioria está confinada à Peneda-Gerês e Trás-os-Montes mas foi mais para sul, no concelho de Mafra, que nasceu o único espaço da península ibérica exclusivamente dedicado à preservação desta espécie.

Criado em 1987 pelo Grupo Lobo, o Centro de Recuperação do Lobo Ibérico começou por abrigar apenas um animal, o Âmbar, mas hoje acolhe já 14, distribuídos por um vasto terreno de 17 hectares nos arredores da aldeia de Picão, entre a Malveira e Mafra. Resgatados em cativeiros ilegais, vítimas de maus tratos ou entregues por jardins zoológicos, os lobos encontram aqui um refúgio seguro para viver (a reprodução não é objetivo primordial) e, ao mesmo tempo, contribuem para a investigação e a educação ambiental. As crianças, por exemplo, rapidamente irão perceber que um lobo nunca tentaria enganar a Capuchinho Vermelho e, muito menos, comeria a avozinha.

O objetivo deste espaço passa por informar os visitantes sobre a verdadeira natureza desta espécie, por isso, não se trata de um jardim zoológico mas de um santuário para animais que, por vários motivos, têm de viver em cativeiro. Em vez de meros objetos de exposição, aqui os lobos têm muito espaço para viverem e… esconderem-se. Observá-los nem sempre é fácil (ou garantido) mas com um pouco de sorte há-de conseguir vê-los ao longe ou, como foi o nosso caso, a menos de um metro de distância. 

Olhos nos olhos com um lobo 

As visitas ao Centro realizam-se apenas aos fins de semana (exceto em grupos com marcações) e começam na receção, uma casa em madeira com vários painéis informativos sobre o lobo ibérico, desde o atual território aos mitos que contribuíram para a regressão da espécie. Só depois os visitantes vão “à procura” dos lobos, caminhando por um percurso com cerca de um quilómetro que rodeia cinco grandes cercados, cada um com o seu grupo ou alcateia. 

Logo no primeiro demos de caras com o Furco, um lobo habituado à presença humana (esteve num zoo de Espanha) que parecia ter tanta curiosidade por nós como nós por ele. E, de repente, ficámos frente-a-frente, separados apenas por uma rede, contemplando aquele belo animal de pelo castanho, olhos atentos e orelhas em riste. O sono (os lobos dormem de dia) levou-o a “baixar guardas” e a deitar-se num ponto mais afastado, sugerindo-nos que tinha chegado a altura de o deixarmos em paz. Assim seja. Aqui o bem-estar dos animais está sempre em primeiro lugar.

Sem sinais de outros lobos, aproveitámos o quarto de hora seguinte para descobrir um pouco mais sobre este mamífero que, em liberdade, poucas vezes chegam ou ultrapassam os 10 anos. No Centro, o mais velho (o Sabor) tem quase 13, aproveitando a segurança do espaço e uma alimentação sempre a tempo e horas com vários tipos de carnes, embora o frango seja o pitéu mais apreciado por estas paragens. As semelhanças com os cães são evidentes, mas o crânio é maior e o maxilar mais poderoso, enquanto o porte do lobo ibérico (um dos lobos mais pequenos) é semelhante ao de um pastor alemão. E, já agora, sabia que todos os cães derivam dos lobos, incluindo os pequenos chihuahuas?

No jogo do esconde-esconde

O ponto mais alto do percurso fica sensivelmente a meio do passeio, tornando-se o local ideal para observar o cenário em redor, ainda mais privilegiado a partir de um posto de observação ali construído. Deste miradouro improvisado, particularmente útil na época dos incêndios, sobressai o verde da paisagem (com a Tapada Nacional de Mafra em pano de fundo) e as poucas casas em redor, enquanto as redes dos cercados passam quase despercebidas. Dali não é fácil avistar lobos à vista desarmada mas uns binóculos (e o olhar mais experiente dos guias) poderão ajudar. 

Graças a ambos conseguimos encontrar mais duas lobas – a Faia e a Bolota -, mãe e filha que ora apareciam, ora se escondiam atrás de um arbusto. Há muito tinham dado pela nossa presença (a audição e o olfato dos lobos é muito superior ao dos homens) mas a grande distância até nós parecia mantê-las relativamente despreocupadas. E o mesmo aconteceu por certo com os outros habitantes do Centro, casos da Peneda, da Arga ou da Malcata, que sabiam onde estávamos mas preferiram manter-se longe da vista. Além dos lobos (em cativeiro) há muitos mais animais a habitarem aquela área, como toupeiras, raposas, texugos, saca-rabos, javalis e 40 espécies de aves, com destaque para as águias que ali decidiram nidificar.

Mas não são apenas os lobos que estão em risco. Há alguns anos que o próprio Centro está ameaçado, sobretudo porque o espaço foi cedido de forma gratuita por uma fundação suíça que entretanto reivindicou a devolução dos 17 hectares. A única forma de assegurar o direito aos terrenos é comprando-os, por isso, o Grupo Lobo lançou em 2012 uma campanha de angariação de fundos – Não deixe os lobos sem abrigo – que mantém ativa uma linha telefónica solidária (760 450 044). Outra forma de ajudar é adotando um animal e, claro, visitando o Centro, cujos bilhetes variam entre os 4€ (crianças e seniores) e os 6€ (adultos), embora também haja um ingresso familiar (dois adultos + duas crianças) por 16€. Com a participação de todos, nesta história os lobos podem ter um final feliz.

2015-03-2015
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